O PANORAMA VISTO DA SERRA

domingo, 29 de maio de 2011

O PODER GLOBAL

                          
Em maio/2006 escrevi isto e postei logo em seguida uma reflexão atual sobre o mesmo tema. Se tiverem saco, leiam. Talvêz não seja de todo deperdiçado:

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE PROPRIEDADE A DOMINAÇÃO E O PODER NO MUNDO

Desde o inicio da civilização moderna que a propriedade é usada como meio de dominação. A propriedade tem por fim precípuo o poder e sem isso ela passa a não ter finalidade. È o que vemos acontecer quando queremos restringir o direito de propriedade: o que está se dizendo é do direito de um modelo de propriedade por que estará surgindo aí, um novo modelo, por que o conceito de poder é único. Cria-se com isso uma demagogia, usando-se, como no caso do Comunismo e na socialização dos meios de produção, uma falsa idéia que estaríamos nos eximindo da execrada e malfadada prática de exercermos o poder de uns sobre os outros.
Eu chego a imaginar, essa nossa característica, tipicamente dos seres humanos inteligentes, como um “defeito genético”, que tem por finalidade última a “evolução constante da humanidade”, a “perpetuação da espécie humana na terra”.
Essa busca incessante do poder em detrimento de valores éticos, morais, de convivência humana e de amor ao próximo, nos faz um ser impar entre as espécies vivas do planeta, das quais somos o seu maior predador, fazendo-nos perpetuar e evoluir materialmente, sempre, em que pesem aí, todas as consciências que nos abatem nos momentos cruciais das conquistas da ciência e do progresso, nos fazendo temer ante suas conseqüências.
Não foi possível ao homem até nossos dias, criar regulamentos que nos obrigassem a ser realmente irmãos, a não ser nossa consciência que nos acusa nos desvios entre o bem e o mal. Por isso eu chamei de “defeito genético”. É um gen impar. A engenharia genética não vai conseguir localizá-lo nessa configuração atual. É aquela história do fruto da árvore da consciência, do bem e do mal, que era oferecido por Eva ao Adão, no antes paraíso. A partir daí o homem passou a ter plena consciência do que estava fazendo. Sabia quando estava fazendo o mal, mas fazia, e por isto pecava.
Apesar disso, temos a impressão de estarmos sempre evoluindo socialmente, mas o que realmente mudamos são as formas de dominação, que aos poucos vão se sofisticando, ficando menos perceptíveis para a maioria da população. Façamos uma comparação simples entre os deslocamentos que ora se fazem com a incrível rapidez do transporte moderno, ontem se fazia através da navegação e da montaria e num futuro próximo quem sabe através de deslocamento de partículas subatômicas com a transformação de matéria em energia.
Para a maioria dos mortais quando se fala que a propriedade oprime ou torna submissos indivíduos a outros, pensa-se logo em terra e suas riquezas naturais, bens imóveis e meios de produção e no capital que elas representam, mas o que torna submissa grande parte das populações atuais é a manipulação do conhecimento. Este sim, segrega definitivamente nações inteiras, submetendo-as à vontade e aos interesses dos poderosos.
“A verdade central e estupenda acerca dos países desenvolvidos economicamente nos nossos dias é que eles podem ter – dentro de um abrir e fechar de olhos – a espécie de escala de fontes e de matérias básicas que resolverem ter...”
“Não são mais as fontes e as reservas que limitam as decisões. São as decisões que fazem nascer as fontes e as reservas. Esta é a mudança revolucionária fundamental – talvez a mudança mais revolucionária que o homem jamais conheceu”
Isto foi dito por U Thant quando secretário geral das Nações Unidas, provavelmente em fins dos anos 60 ou inicio da década seguinte, talvez não muito compreensível naqueles idos, mas atualíssima.
Quanto ao que vínhamos falando, ouvimos muitos discursos enaltecendo mudanças e as tão decantadas evoluções, não se sabe se por ignorância ou para desviar as atenções, com anúncios de políticas sociais e métodos mais justos, principalmente naqueles momentos cruciais da ruptura dos processos políticos, mas quando pomos uma lente de aumento, verificamos serem métodos e mecanismos de dominação implícitos tão antiéticos ou piores que os do passado. Muitos de nós até somos sacudidos por certas ondas de “mudanças”, como se toda a culpa estivesse no modelo anterior e que a partir de agora “teremos uma nova ordem e todos os males serão sanados”.
As nossas histórias estão cheias desses momentos de ruptura que eu assim chamei.
No plano do estado era aquela escravidão, que abolida, foi substituída pelo abandono à própria sorte; o próprio estado, nos governos socialistas ou mesmo nos que não se autotitulam promove mudanças privilegiando determinados grupos, transformando a maior parte da população em cidadãos de segunda categoria, assemelhando-se até aos antigos regimes feudais.
Como vemos, exemplos de dominação e de escravidão dissimulada estão por toda a parte, inclusive na iniciativa privada desde quando o modelo de propriedade agrícola que antes era sustentada pelos meeiros junto ao proprietário da terra, foi substituído por outro tanto quanto opressor, explorado pelos detentores do poder econômico (traddings), ditando preços regidos por uma política totalmente aleatória àquele que produz; quando é produzida a eliminação total da concorrência por grupos ou grandes conglomerados, que sendo proprietários dos processos e marcas mundiais utilizam-se de políticas não muito ortodoxas para que somente assim esses produtos alcancem os mercados mundiais; quando as empresas a titulo de eliminação de baixos salários e de serviços primários, substituem os empregados por máquinas, colocando sem opção de vida grandes levas de trabalhadores, tendo os mesmos que até se submeterem ao trabalho semi-escravo em conseqüência disso. Tudo isto em nome de um estado mais moderno, da eficiência e da excelência empresarial e do emprego de tecnologias ultra-modernas. Pois é, vamos sofisticando as ferramentas, mas até agora não foi sentida uma direção firme a seguir em todas essas coisas, e é só o começo. A opressão e o domínio continuam, não só dessa forma mais primitiva, ou dentro dos limites de um mesmo país com o seu próprio povo, mas de formas mais sutis ainda entre nações.
O que sabemos é que ontem doía na carne, atualmente dói de uma forma que só sentem aquelas parcelas da população que tem consciência e amanhã deverá doer de outra forma para a qual evoluiremos. Isto ainda não é nada quando vemos o que acontece ao avançarmos mais para o campo da propriedade intelectual e a manipulação do conhecimento e da informação – aí a dominação produz efeitos devastadores!
Por vezes são as indústrias químicas, fabricantes de medicamentos a interferirem na pesquisa cientifica com o intuito de protegerem seus mercados, colocando sob a sua égide tanto a sociedade médica quanto os usuários de medicamentos que são obrigados a acreditar nas informações por eles prestadas. Ora, são as empresas que detentoras de tecnologias avançadas na área da engenharia genética, obtêm direitos de cobrar sobre a perpetuação de espécies vegetais e animais por elas modificadas geneticamente (o caso dos grãos transgenicos na agricultura é um exemplo), sem que haja necessidade de provar, se há ou não efeitos danosos. Fazendo-se um paralelo, no caso disso ser produzido num ser humano, deveria então ser pago pelas futuras gerações, ou seja, praticamente uma cobrança sobre o direito à vida!
Os melhores exemplos que temos de sociedades desenvolvidas, não se fizeram por mudanças externas e sim por mudanças que se realizaram nos indivíduos, com vistas a se estender por toda a coletividade, mas partindo-se da consciência do indivíduo como cidadão.
Estas observações aqui feitas são constatações de uma realidade presente. O monopólio do conhecimento e da informação poderá influenciar negativamente no futuro da humanidade como já tivemos exemplos na história recente e que nos cabe corrigir, a tempo de evitarmos uma grande tragédia. A informação e a utilização de dados que hoje conseguimos ter acesso com toda a facilidade é alardeado como exemplo da própria democratização da informação. Mas só da informação, e daquela fornecida pelos poderosos. Não da “formação”. A verdade é que o homem comum só tem conhecimento profundo das coisas para as quais foi preparado: a formação especifica. As demais, por ele não possuir conhecimento de causa, sendo paulatinamente distorcidas poderão assumir proporções gigantescas, indo servir a interesses cujo poder maléfico nem poderemos avaliar agora. É só imaginarmos o mal que teria sido causado à humanidade, se tanto o comunismo como o nazismo tivessem a ajuda dos meios eletrônicos atuais.
É necessário que daqui por diante tenhamos todo o cuidado e não acharmos que a humanidade está livre de monstros como estes, tendo ajuda de métodos e tecnologias que ainda não podemos vislumbrar.
Fica por enquanto uma certeza: a de que não haverá interrupção dessa trajetória central. O homem tem essa necessidade de subjugar o outro, até que essa ação seja neutralizada por uma reação contrária em jamais se deixar dominar. Mas ainda assim isso não acaba aqui, pois sempre haverão outros, talvez de outros planetas...


      A DOMINAÇÃO E OS PROCESSOS DE GOVERNANÇA


Tenho pensado muito nesses dias e cada dia mais estou tendo um maior convencimento em função das informações que nos chegam, de que as nações caminham de certa forma sem um tão imaginado comando.
Às vezes pensamos estar conduzindo o processo, mas estamos no máximo corrigindo desvios.  Por isso fala-se tanto em conspirações de toda a ordem, e por falar em ordem temos aí a tão pensada nova ordem global ou governança global, que já não é de hoje, mas isso já vem de quase dois séculos atrás.
Mas o fato concreto ou os dois que eu considero principais são os causais: a geografia da terra tem que se adaptar aos desígnios e as necessidades reais dos povos, pelo menos, e aí é que está, aos mais desenvolvidos; e os demais? O segundo é que a avidez por domínio de uns sobre outros tem que continuar e a única maneira viável de se ver isso concretizado será a partir de processos tão conhecidos quanto possíveis de serem realizados.
Os consecutivos são as religiões, as políticas socioeconômicas vigentes no mundo atual, as reais possibilidades das diversas nações componentes desta elite que já começa a se delinear.
Temos lutado exaustivamente pela democracia e pela afirmação cada vez maior dos direitos individuais do cidadão, do livre pensar e na iniciativa privada, mas me pareceu agora, por tudo que conhecemos da história, num dado momento, termos que parar para repensar tudo, tomado por uma grande desesperança!
O que a história nos tem demonstrado é que apenas temos evoluído nos processos de dominação, mas não temos jamais cessado com a sua essência, no que tange às finalidades, pois parece ser do DNA da espécie humana essa sua saga de ter sempre que impor, antes, no passado, seus desejos a outro através de mecanismos unilaterais e agora a fazer com que o outro sinta o impulso dele mesmo fazê-lo sem uma imposição forçada, apenas por se sentirem culpados. Os métodos e os processos estão evoluindo sempre, não temos dúvida disso, apenas os fins continuam os mesmos.
Antes usávamos a propriedade, que mais tarde era vilipendiada entre povos inimigos, depois passamos a utilizar os meios financeiros e seus conseqüentes representantes, os grandes capitais, e mais recentemente, quando ainda mais da metade da população da terra ainda vive em estado precário, levantamos a bandeira da luta pela erradicação da miséria, dos direitos humanos e das mudanças climáticas tudo isso sendo atribuido como causa exclusiva, a própria presença do homem no processo, e antes mesmo de lembrarmos que dos cinco males sociais do mundo contemporâneo, ela, a miséria é a mais fácil de ser erradicada, pois as outras quatro são: a ignorância, a imundície, a preguiça e a doença.
Há algum tempo atrás me parecia mais real que essa dominação futurística viria por um domínio extra sensorial, feito através da mente, ou que o prazer fosse inoculado através de processos virtuais, uma visão da minha geração que quando adolescentes viamos ficções desse tipo. Mas não será ainda isso o que ocorrerá. Parecerá a mim, mais com uma visão Orweliana, por assim dizer.
Estamos sentindo isso bem perto de nós e ainda mais que, na terra existem muitos povos sem crescimento intelectual, e além de não alcançarem certos sentimentos, satisfazem-se com algumas quinquilharias que faziam parte do american way of life da classe média americana da década de 40.
Vejo com bastante preocupação, todos esses movimentos entre as nações que hoje fazem parte dos 70% do PIB mundial, com seus desequilíbrios próprios e ou provocados por questões as mais diversas, pelos seus problemas criados pela geografia e distribuição das riquezas naturais, pelas religiões e pelo próprio crescimento intelectual  cientifico e educacional de cada um desses povos, que não aceitam certas condições impostas pela natureza das coisas tal como vinham sendo geridas até agora, levando a desacreditar na soberania das demais nações em que pese aí a impossibilidade de negá-la, e não mais poder transpô-la através dos antigos instrumentos tão usados no passado, como o foram as guerras.
Existem aí mecanismos os mais diversos, e já estão sendo usados e um deles é a questão ambiental, depois vem a ingerência nas questões de direitos humanos de outros paises,
O atual consenso mundial não nos deixa brecha mais para essas posições de radicalismos tão conhecidos e desfechos também, por isso levam esses grupos de nações a procurarem por mecanismos mais sutis de convencimento e que inexoravelmente é o que iremos conhecer a partir desses tempos que se seguirão. 
Sinto-me já em meio a um turbilhão, talvez por que seja do meu próprio temperamento, mas sei por outro lado que é um processo muito lento, muito complicado, por isso difícil  de se organizar, mas que está sendo trabalhado nesse sentido, isso a gente nota perfeitamente.
Senhores, não vejo com bons olhos toda essa, que imagino, mudança do “multipensar no unipensar”. E não há como escapar disso, pois não vejo como desenvolver-se um processo de dominação e convencimento, fora de padrões pré-etabelecidos de controle e manipulação. O pensamento livre é ainda o único impecilho a organizações desse tipo, se assim as imaginarmos, como devemos realmente imaginá-las, pois do contrário seria negar totalmente a possibilidade da sua existência, e que tenhamos sempre em mente que a nossa passividade tornará inevitável que tudo isso venha realmente acontecer.

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