O PANORAMA VISTO DA SERRA

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ACIDENTES ACONTECEM EM OBRAS A TODO MOMENTO, MAS ESSA ERA A ÚNICA QUE NÃO PODERIA ACONTECER PELOS "ARRETADOS" LULA, CURINTIANS E ODEBRECHT

TODOS NÓS FICAMOS SENSIBILIZADOS POR AQUELES QUE PERDERAM A VIDA E ESTAVAM ALI NÃO PELOS MESMOS MOTIVOS DOS QUE COMANDAM O ESTADO, MAS APENAS PARA TRABALHAR E TIRAR O SUSTENTO DE SUAS FAMÍLIAS!
de Veja Online

Operários fizeram churrasco para festejar fim da cobertura

Comemoração aconteceu no sábado, antes da instalação da parte que desabou

Peça da cobertura do Itaquerão desabou no começo da tarde dessa quarta-feira (27/11)
O guindaste que desabou na quarta-feira, matando dois operários no canteiro de obras do Itaquerão, estava sendo usado para instalar a 38ª e última treliça de suporte à cobertura do futuro estádio do Corinthians. Os funcionários envolvidos no projeto já tinham feito até um churrasco para comemorar o fim dessa fase das obras, que deixaria o Itaquerão muito perto da conclusão. Marcada com antecedência, a celebração aconteceu no último sábado porque a 38ª treliça, que fica localizada na parte norte da arena de Itaquera, tinha instalação prevista para a semana passada. O problema foi que as fortes chuvas acabaram deixando o trabalho para depois. Ainda assim, o churrasco não foi cancelado por causa disso, já que os operários tinham a sensação de dever cumprido pela montagem de quase toda a estrutura que cobrirá o estádio.
Festejada pelos trabalhadores no fim de semana, a conclusão da cobertura ficou mais distante, já que parte da cobertura da área leste, onde caiu o guindaste, foi comprometida e terá de ser refeita. O término das obras, antes previsto para o fim de dezembro, certamente será atrasado. A construção fechou outubro 94% concluída. A expectativa da Odebrecht, com as 38 treliças instaladas, era anunciar a marca de 97% ao fim de novembro. Assim, em mais um mês, seriam feitos os retoques finais do estádio que vai abrir a Copa do Mundo do próximo ano. Embora não falem oficialmente sobre prazos, dirigentes do Corinthians e engenheiros da obra apostam em um acréscimo de pelo menos dois meses no cronograma. De acordo com Comitê Organizador Local do Mundial, o estádio não corre o risco de ficar fora da competição.
Luto - O corpo do operário Ronaldo Oliveira Santos, morto no acidente de quarta, foi transportado para Fortaleza na madrugada desta quinta. Santos, que dormia no local quando o guindaste caiu, tinha 44 anos, era casado e era pai de uma menina. "Ele estava na hora de descanso, em um túnel, e ninguém o viu. Ele mesmo sabia que não deveria estar lá. Ele estava cochilando, não deu tempo de sair", disse Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, depois do acidente. Fábio Luiz Pereira, paranaense de 42 anos, foi a outra vítima do acidente. Segundo um colega, Pereira era corintiano fanático, estava havia dois anos na cidade, era casado e tinha três filhas. As obras serão retomadas na segunda, depois dos três dias de luto anunciados pelo Corinthians e pela Odebrecht (não há trabalho aos domingos). No canteiro, com acesso restrito, o clima entre os funcionários era de choque e indignação com a perda dos colegas.

GILBERTO CARVALHO REMOENDO ENTRE REMORSOS E INVEJAS!

 Augusto Nunes no Sanatório Geral

Alma machucada

“Dói na alma. Aqueles que fizeram muito mais nunca pagaram”.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República e caixa preta do PT, nesta segunda-feira, em aula magna na Universidade Brasília, sobre os mensaleiros engaiolados, revelando que até ele está exposto a surtos de remorso.

CONSTRUTORAS RESOLVEM PEITAR A JUSTIÇA. COM APOIO DE QUEM?

de Veja

Construtoras se recusam a depor sobre Máfia do ISS

Promotores podem pedir quebra de sigilo e fiscalização por parte da Receita Federal

Roberto Victor Anelli Bodini, promotor de justiça do GEDC, e Cesar Dario Mariano da Silva , promotor de justiça de patrimônio social,  durante entrevista coletiva a respeito do caso da corrupção dos fiscais da prefeitura de São Paulo, realizada na sede da Promotoria Pública de São Paulo - (14/11/2013)
Roberto Victor Anelli Bodini, promotor de justiça do GEDC, e Cesar Dario Mariano da Silva , promotor de justiça de patrimônio social,  durante entrevista coletiva a respeito do caso da corrupção dos fiscais da prefeitura de São Paulo, realizada na sede da Promotoria Pública de São Paulo - (14/11/2013) - JF Diorio/AE

Quatro construtoras se recusaram a colaborar com as investigações do Ministério Público Estadual (MPE) sobre a fraude no Imposto sobre Serviços (ISS). Isso abre caminho para que os promotores peçam a quebra de sigilo dessas empresas e também peçam fiscalização por parte da Receita Federal.
De acordo com o promotor Roberto Bodini, responsável pelas investigações, as construtoras que recusaram o convite para prestar depoimento nos próximos dias foram: Tarjab, Tecnisa, BKO e Trisul.
"Já esperava essa postura das empresas. Uma delas chegou a propor ser ouvida em fevereiro, o que eu não podia aceitar. As investigações seguem", disse Bodini. O promotor quer saber agora quanto cada empresa pagou em propina e desvios.
As quatro empresas foram citadas como beneficiárias do esquema, que chegou a desviar 500 milhões dos cofres públicos. Os fiscais acusados chegavam a dar até 50% de desconto no pagamento de impostos, pelo auditor fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães. Pelo depoimento prestado por ele, só 10% do tributo era recolhido aos cofres municipais.
Os responsáveis pelas empresas não foram localizados para comentar as renuncias em depor.
Anteriormente, as construtoras afirmaram que colaborariam com as autoridades. O promotor Bodini reiterou que as empresas não se portaram como vítimas. Outras duas construtoras foram citadas no depoimento do auditor Magalhães. A Brookfield já assumiu ter pago 4,1 milhões de reais em propina aos fiscais da Secretaria Municipal de Finanças. Uma testemunha protegida do Ministério Público afirmou que a construtora Alimonti foi extorquida em 460 000 mil pelos servidores.
Bodini ouviu nesta quarta-feira um representante de outra construtora, que colaborou com informações para a investigação. Segundo consta no depoimento, representantes das empresas desmentem a versão dos fiscais de que não eram obrigadas a colaborar com o esquema. Segundo os relatos, os fiscais criavam dificuldades que obrigavam os empresários, apertados pelo prazo de entrega dos empreendimentos, a pagar propina.
Depoimento - Ex-companheira do auditor Magalhães, Vanessa Caroline Alcântara, foi ouvida por dois promotores nesta quarta-feira. Durante o dia, ela prestou depoimento ao promotor Cesar Dario Mariano no inquérito por enriquecimento ilícito de Amilcar Cançado Lemos, e também em outra investigação, sobre corrupção praticada na Secretaria de Finanças. À noite, ela foi ouvida pelo promotor Marcelo Daneluzzi, pelo inquérito de improbidade administrativa de Magalhães. 
A Promotoria pretende acelerar as investigações para obter o máximo de informações antes do recesso de 20 de dezembro. Entre os procedimentos importantes que ainda podem ser feitos neste ano está o depoimento de Mauro Ricardo, secretário municipal de Finanças durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

E O HELL DE JANEURA CONTINUA LINDO...

 publicado por "O MASCATE"

E vamos cantar!!!!
A Copa do mundo é nossa..
Com brasileiro não há quem possa...

Imaginem quando os desavisados e otários turistas estrangeiros chegarem aqui para assistirem ao infame mundial de ludopédio o que irá acontecer?

E PHOD@-SE!!!

CUSIL= CUBA + BRASIL

POSTED BY 

O presidente do Epea Marcelo Neri defende o Chisil=Brasil + China: Neri disse que houve uma evolução forte dos indicadores sociais no Brasil nos últimos anos, apesar de ainda serem ruins. Na China, por sua vez, esse avanço ocorreu na economia. - O país ideal seria o “Chisil”, com uma pujança econômica chinesa combinada com o ritmo de mudanças sociais que se viu no Brasil. Há um paralelo entre o avanço econômico na China e social no Brasil - apontou Neri. Mas a nossa economia apresenta o desempenho e a racionalidade de Cuba e portanto deveria se chamar CUSIL.

RESSOCIALIZAÇÃO À MODA PETISTA: FOMOS MUITO COBRADOS DE QUE O PODER PÚBLICO NÃO COLABORA NA INSERÇÃO DE USUÁRIOS DE DROGAS". AÍ, PARTIMOS PARA A INSERÇÃO DAS DROGAS NO PODER PÚBLICO, O QUE NEM É UMA GRANDE NOVIDADE!

Usuários de drogas podem ter 10% de vagas em concurso. 

JFK NÃO EXISTIU

por Roberto Romano

Como seria o mundo sem um Kennedy é um exercício equivalente a imaginar um Brasil sem o suicídio de Vargas, a renúncia de Jânio e o golpe militar

O Brasil é assim: a história é reescrita de dez em dez anos (como dizia Ivan Lessa); as pessoas viram pelo avesso (quem foi censurado tem agora belos motivos para censurar) e eventos e figuras históricas simplesmente não existiram. De um lado são tidos como heróis indisputáveis; do outro, são tidos como bandidos e reacionários. O crime desaparece com o julgamento do mesmo modo que as nuances de uma vida são reduzidas a duas ou três circunstâncias. As mentiras repetidas, conforme sabiam os nazistas, canibalizam os fatos e tornam-se verdades.
No Brasil do PT ficamos habituados ao tudo contra o governo ser uma conspiração, e tudo a favor, revolução. Temos, como escrevi em “Carnavais, malandros e heróis”, uma ética múltipla aplicada de acordo com a pessoa e o contexto, de modo que todos os fatos são duvidosos. Estamos mais perto de George Orwell do que imaginamos: quem controla o presente controla o passado.
O que li sobre os 50 anos da morte de JFK inspira-me. Eis um homem multifacetado e contraditório, mas preso a um papel exclusivo: o de presidente da República. Um papel que fecha biografias e, mesmo nos Estados Unidos, hierarquiza o seu ocupante como o número 1, concedendo-lhe um tratamento aristocrático. Ademais, JKF foi um presidente muito jovem e por isso muito testado pelos soviéticos na crise cubana. Era um homem muito elegante e rico, um mulherengo freguês do proto-harém de Frank Sinatra e — eis um ponto crucial — ele teve morte súbita. Foi tirado da vida num papel capital por um louco que a ele se ligou pelo poder dos fracos. Num sentido preciso, JFK foi a primeira vitima da guerra que ele próprio alimentou: a Guerra Fria.
Mesmo quem não simpatizava com a politica externa americana, como era o meu caso, foi atingido naquele 22 de novembro de 63 pela violência que tirou JFK deste mundo, lançando-o no reinado das biografias e dos mitos. O único modo de compensar moralmente o absurdo do infortúnio era imaginar algo equivalente: no minimo, uma conspiração. Ainda mais quando testemunhamos em preto e branco, como foi o meu caso, o assassinato do assassino.
Quando saí do meu escritório na Bow Street e fui para casa, vi pessoas chorando e outras em pleno desespero. Naquele momento, não havia mais republicanos e democratas, estudantes e pessoas comuns, consumidores e fornecedores, esquerdistas e reacionários, nacionais e estrangeiros, brancos e negros. Todos se transformaram em órfãos nacionais; em cidadãos cujo presidente foi levado pela tragédia que atingia a todos por igual.
Um colega, leitor assíduo de Lênin, declarou-se chocado e foi ele quem primeiro me falou em “terrorismo” como uma parte do arsenal dos que não tinham dúvida de que os fins justificavam os meios.
Naquele frio e escuro novembro, vi pela primeira vez a histeria coletiva fora do Brasil. O Brasil que muitos supunham histérico por natureza (e que em abril do ano seguinte mergulharia em algo semelhante, assassinando algumas de suas instituições republicanas), mostrou-se dotado de uma incrível capacidade de tolerar e esquecer o que não deveria ser tolerado ou esquecido, como os crimes políticos cometidos no que chamamos de “períodos autoritários”. Mas a Harvard comedida e controlada virou um amplo teatro de dor e angústia. Tal como vi décadas depois em Notre Dame, agora como professor e velho no 11 de setembro. O dia em que os americanos foram pela primeira vez na sua história, atacados em seu próprio território. Tirando, é claro, a experiência sanguinária da sua Guerra Civil, a qual, proporcionalmente falando, teve uma enorme, senão incomparável, magnitude.
Um outro elemento que depois de 50 anos surge com claridade no quadro social desta tragédia é que somos muitos. E JKF foi muita coisa, como descobrem esses Estados Unidos mais decepcionados consigo mesmos. Kennedy era um aventureiro sexual, acostumado a viver em mundos diversos e contraditórios. Por isso, talvez, ele tenha conseguido evitar uma guerra termonuclear a partir da crise cubana, como diz de modo explicito o premier da União Soviética, Nikita Khushchev, nas suas memórias. Ali, o russo relata os esforços dos irmãos Robert e John Kennedy no sentido de evitar o pior, diante de um Fidel Castro muito justificadamente irritado e inflexível, porque para ele era óbvio que Cuba estava sendo usada como um teste para os Estados Unidos no grande confronto com a União Soviética.
A imagem de Kennedy como a de outros heróis americanos tem sido reavaliada com mais parcimônia e realismo. Afinal, ele foi um líder contra o bom e hoje velho e caduco comunismo, e foi no seu governo que a Guerra do Vietnã começou. Mas não se pode esquecer do seu papel como deflagrador do movimento dos Direitos Civis nuns Estados Unidos segregados.
Como seria o mundo sem um Kennedy é um exercício equivalente a imaginar um Brasil sem o suicídio de Vargas, a renúncia de Jânio e o golpe militar. Ou, o Lulopetismo e figuras como José Dirceu, que comandou o Brasil como o capitão do time do governo Lula e hoje comanda uma cela na Papuda.  

O "POBRE" GENOINO USA O MESMO ARGUMENTO DO "RICO" MALUF COM UMA DIFERENÇA DE 10 ANOS APENAS: MALUF MORA HÁ 40 ANOS NA MESMA CASA. NADA IMPEDE DE SEREM SURRUPIADORES DO DINHEIRO DO POVO!

GENOINO ‘POBRETÃO’ É FARSA: DEPUTADO GANHA BEM





O estado de saúde de José Genoino (PT-SP) não é a única farsa na história do mensalão. Ele faz pose de coitadinho, divulga que mora na mesma casa financiada pela Caixa há trinta anos, blá-bla-blá, mas recebe salários de marajá (R$ 26.723,13), como deputado federal há 27 anos, além da Cota mensal para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), de R$ 31.301. Entre janeiro e setembro, embolsou R$ 522 mil.

·         TUDO POR NOSSA CONTA

Como deputado, Genoino tem auxílio moradia de R$ 3.800 em espécie, verba para passagens aéreas e cota para correios e telefone.

·         DÁ DE SOBRA
A multa a que Genoino foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (R$ 468 mil) é bem menos do que ele recebe como deputado por ano.

·         DIRETO NO BOLSO
Deputado recebe verba mensal de gabinete no valor de R$ 78 mil para contratar assessores, mas na maioria dos casos fica com quase tudo

·         PÉ DE CHUMBO
Da cota Ceap de R$ 31,3 mil, Genoino dispõe de R$ 4,5 mil para torrar com combustíveis e outros R$ 4,5 mil em “segurança pessoal”.

O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), e o líder do PT, José Guimarães (CE), negociam a aposentadoria “por invalidez” do deputado José Genoino (PT-SP) antes que a mesa diretora inicie o processo de cassação. Mas a tese perdeu força com o laudo da junta médica designada pelo Supremo Tribunal Federal, atestando não ser grave o estado de saúde do deputado presidiário, como ele fez parecer.

TRISTE CONSTATAÇÃO

No tempo que Caetano Veloso saía pelas ruas sem lenço sem documento, e via o sol nas bancas de revista a lhe mostrar o colorido das manhãs sem livros e sem fuzil de bombas e Brigitte Bardot, a maioria das pessoas que hoje comandam as nações mal eram nascidas.
Prefiro a irresponsabilidade daqueles dias à triste constatação de que pouco a pouco coisas novas vão sendo inseridas e logo nada mais importará, exceto a história, de que não somos mais nada, e que logo seremos somente lembranças de nós mesmos.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O QUE HÁ POR TRÁS DO INUSITADO PEDIDO DE JOSÉ DIRCEU PARA TRABALHAR EM HOTEL DE BRASÍLIA

 Do Ucho.Info
jose_dirceu_21Fumaça no ar – É no mínimo irresponsabilidade acreditar que o ex-ministro José Dirceu de Oliveira e Silva, condenado no processo do Mensalão do PT, está realmente interessado em trabalhar área administrativa do Hotel Saint Peter, na capital dos brasileiros. Sem desmerecer os que trabalham no setor, o cargo é muito pouco para quem foi o homem forte da República nos primeiros anos da era Lula e estava acostumado a dar as cartas, inclusive nos bastidores do poder. E continua agindo da mesma maneira, mesmo preso no Complexo Penitenciário da Papuda, de onde manda recados nada diplomáticos para a direção do Partido dos Trabalhadores.
De acordo com o documento protocolado no Supremo Tribunal Federal e que também será entregue na Vara das Execuções Penais do Distrito Federal, o criminalista José Luís de Oliveira Lima justificou o pedido com a alegada experiência do seu cliente em consultoria empresarial, o que pode ser interpretado como lobby e tráfico de influência.
O Hotel Saint Peter, que já pertenceu ao polêmico Sérgio Naya, é de propriedade do empresário Paulo Abreu, dono da Rede Mundial de Comunicação, que controla as emissoras de rádio Tupi FM, Tupi AM, Mundial, Kiss FM, Scalla FM, Apollo FM, Iguatemi Prime FM, Terra AM, Terra FM e BR FM, entre outras.
José Dirceu já teria um contrato de trabalho assinado com o Saint Peter, mas tudo indica que a ideia é instalar no hotel uma central de lobby. Na última semana, José Dirceu acenou com a possibilidade de transferir de São Paulo para Brasília a sua empresa de consultoria, que ainda funciona em bairro nobre da capital paulista, mas ao que parece a ideia foi descartada.
O primeiro cliente do ex-chefe da Casa Civil e mensaleiro condenado seria o próprio Paulo Abreu, que trabalha intensamente nas entranhas do poder para ressuscitar a extinta TV Excelsior, que pertencia ao empresário Mário Wallace Simonsen e fechou as portas em setembro de 1970, em pleno regime militar.
De acordo com uma ex-funcionária de Abreu, que falou ao ucho.info sob a condição de sigilo, ele é um velho conhecido do Partido dos Trabalhadores, tendo escancarado a Rádio Tupi, em São Paulo, para entrevistas semanais de Fernando Haddad durante a campanha eleitoral rumo à prefeitura paulistana. Fora isso, na Advocacia-Geral da União (AGU) o possível novo patrão de José Dirceu é conhecido como o “rei das liminares”, o que explica as muitas concessões no setor de rádio.
O retorno da TV Excelsior, que recebeu aval da cúpula do Ministério das Comunicações, depende de um decreto de anistia que precisa ser assinado pela presidente Dilma Rousseff e já está na escrivaninha da petista. Para isso o empresário Paulo Abreu, que é próximo do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), conta com a simpatia de petistas cinco estrelas, como Sigmaringa Seixas e os ministros José Eduardo Martins Cardozo (Justiça) e Paulo Bernardo da Silva (Comunicações).
Essa costura, até então desconhecida, mostra que há muitos interesses por trás da prisão de José Dirceu, que mesmo com a liberdade cerceada parece não querer largar o ofício de lobista. Nesse intrincado jogo há um escambo previamente combinado, que dependendo da decisão da Justiça poderá ruir a qualquer momento.
Equívocos sobre o semiaberto
É importante lembrar que os condenados na Ação Penal 470 e seus advogados erram sobremaneira ao trabalhar com a informação de que o regime semiaberto permite ao apenado deixar o cárcere durante o dia para trabalhar, retornando somente à noite. Essa interpretação equivocada se dá no rastro da falta de unidades prisionais destinadas ao regime semiaberto, que de acordo a Lei das Execuções Penais prevê que o preso deve trabalhar em unidade laboral do próprio sistema carcerário, como colônia agrícola ou unidade fabril. Com a falta de estabelecimentos penais dessa natureza, o juízo competente pode favorecer o condenado com um regime menos gravoso.
O que os réus e seus advogados pleiteiam como regime semiaberto é, na verdade, regime aberto, que permite ao preso trabalhar ou estudar durante o período diurno, retornado à noite para o que se conhece como casa do albergado. No caso do ex-chefe dos mensaleiros, o Centro de Internamento e Reeducação do Distrito Federal, instalado no Complexo da Papuda, funcionaria como casa de albergado.
Contudo, considerando que José Dirceu optou por cumprir a pena em Brasília, o que permite estar próximo do filho José Carlos Becker de Oliveira, deputado federal e conhecido como Zeca Dirceu, e da filha caçula Maria Antonia, de apenas 3 anos, a Justiça poderá decidir que isso ocorra em unidade prisional totalmente voltada ao regime semiaberto, inclusive fixando o local de trabalho. Confirmada essa hipótese, a investida do outrora comissário palaciano na direção do Hotel Saint Peter terá sido em vão. Isso significa que o empresário Paulo Abreu terá de esperar mais algum tempo para relançar a finada TV Excelsior.

NEURÔNIO EM PERIGO

Augusto Nunes do Sanatório Geral

“Acampamento dep. Adão Pretto presta solidariedade as (sic) lideranças do PT. Crime é não fazer a reforma agrária. Liberdade aos presos políticos do PT”.

Faixa estendida num acampamento do MST da Base (grupo dissidente do MST), no Pontal do Paranapanema, sugerindo que quem deveria estar na Papuda é Dilma Rousseff.

domingo, 24 de novembro de 2013

COMO DISSE A PROFA. MARISTELA BASSO TRATADO DÁ A PIZZOLATO CHANCE DE CUMPRIR PRISÃO NA ITÁLIA

Pelo acordo entre Brasil e Itália desengavetado nesta semana, condenado em um dos países pode pedir para cumprir pena no outro
Enrico Letta está sob pressão para formar rapidamente um gabinete capaz de tirar a Itália da recessão
Enrico Letta ratifica acordo firmado em 2008 na semana em que Itália admite que mensaleiro fugitivo esta no país (Max Rossi/Reuters)
Para a deputada brasileira no Parlamento italiano, Renata Bueno, Pizzolato pode ser o primeiro caso real da aplicação desse acordo
O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, decidiu ratificar um tratado com o Brasil que abre as portas para que Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e condenado a 12 anos de prisão por seu envolvimento no caso do mensalão, possa eventualmente cumprir sua pena na Itália.
Na mesma semana em que o caso de Pizzolato chegou à cúpula do governo italiano, Letta decidiu desengavetar o tratado que havia sido assinado entre Itália e Brasil em 2008 e que estava parado esperando o aval final do país europeu. Pelo acordo, um italiano condenado no Brasil pode pedir para cumprir sua pena de prisão na Itália. O mesmo poderia ocorrer com um brasileiro preso na Itália e que pediria para cumprir sua pena no Brasil. Mas, cada caso será avaliado individualmente e precisa da autorização de ambos os governos.

O acordo ainda precisa passar pelo Parlamento, mas as regras não permitem que a ratificação do primeiro-ministro receba emendas do Legislativo ou que o texto seja enviado para subcomissões. Para Renata Bueno, deputada de origem brasileira no Parlamento italiano, Pizzolato pode ser o primeiro caso real da aplicação desse acordo. "Vamos estudá-lo", disse.
Ex-diretor do Banco do Brasil, Pizzolato saiu do Brasil clandestinamente para não ter de cumprir sentença de doze anos e sete meses de prisão em regime fechado recebida no julgamento do mensalão.
Até agora, uma das principais questões sobre a fuga de Pizzolato era saber se existia alguma brecha para se falar em extradição, já que ele é um cidadão italiano e, para os italianos, seria uma "pessoa livre". Salvo poucas exceções, a lei italiana não autoriza a extradição de seus nacionais.
O novo acordo foi aprovado pelo conselho de ministros da Itália, que se reuniu na quinta-feira em Roma. Só no sábado, porém, os detalhes do encontro foram revelados. A proposta foi apresentada pela ministra da Justiça, Annamaria Cancellieri, que teria de decidir sobre uma eventual extradição de Pizzolato ao Brasil.

Condições - Se Pizzolato for considerado italiano, fontes no Ministério da Justiça apontam que ele poderia pedir para cumprir sua pena na Itália. O governo brasileiro, contudo, observa que Pizzolato também é brasileiro. Mesmo que fosse apenas italiano, o ex-diretor do BB teria primeiro de cumprir parte da pena no Brasil e, posteriormente, Brasília teria de aceitar a proposta de transferência.
O tratado entre Brasília e Roma foi fechado no dia 27 de março de 2008, com assinatura do então ministro da Justiça Tarso Genro. Mas a ratificação foi freada depois que o Brasil optou por dar asilo político a Cesare Battisti, guerrilheiro condenado na Itália por assassinato.

HENRIQUE PIZZOLATO E A EXTRADIÇÃO

Maristela Basso: Lição para o Brasil

Brasil e Itália reconhecem aos seus nacionais o direito de não extradição para país estrangeiro. Contudo, esta é uma regra que comporta exceções disciplinadas em tratados bilaterais de extradição e em princípios de direito penal internacional.
Deixemos os princípios para outra oportunidade e recorramos ao tratado de extradição celebrado entre Brasil e Itália, em 1989. Esse tratado determina a obrigação de Brasil e Itália de extraditar pessoas que se encontrem em seus territórios e que sejam procuradas pelas autoridades judiciais do país que requer a extradição para serem submetidas a processo penal ou para a execução de uma pena já fixada de restrição de liberdade pessoal.
Inicialmente, o tratado determina a obrigação de extradição de "qualquer pessoa", mas também estabelece a hipótese do direito de "recusa facultativa da extradição", quando a pessoa reclamada for nacional do país que recebe o pedido de extradição. Neste caso, o país "pode" não entregar a pessoa reclamada. Isso não significa que o país não entregará pela simples razão de que se trata de um nacional.
Na hipótese de negativa de entrega da pessoa reclamada ao país reclamante, isto é, de não concessão da extradição, o país solicitante deve pedir ao país que deu a negativa que submeta o caso às suas autoridades competentes para eventual instauração de procedimento penal, fornecendo, para tanto, todos os elementos e documentos necessários.
Do que se conclui que a Itália, à luz do referido tratado, "pode" recusar eventual pedido de extradição de Henrique Pizzolato, condenado no julgamento do mensalão a 12 anos e sete meses de prisão. Se o fizer, deverá instaurar processo criminal contra ele e prestar contas ao Brasil sobre seu andamento e resultado. Contudo, não é correto afirmar que a Itália não concederia a extradição pelo simples fato de que esse senhor possui dupla nacionalidade, entre elas a italiana.
Se esta fosse uma certeza e uma regra imperativa do direito italiano, a Itália não teria celebrado tratado de extradição com o Brasil e com outros países, haja vista que a Itália mantém inúmeros outros tratados de extradição. Ademais, regras absolutas e que não comportem exceções a não extradição de nacionais seria uma afronta aos fundamentos do direito penal internacional e um incentivo à prática de crimes transfronteira. Seria muito fácil cometer crime em um país estrangeiro, refugiar-se no seu país pátria e evadir-se das responsabilidades.
Se houve essa prática no passado, hoje não acontece mais. Os mecanismos de cooperação judiciária internacional são, modernamente, extremamente eficazes e crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, entre outros, dificilmente ficam impunes: praticados em um país, têm seus efeitos legais e econômicos, muitas vezes, sentidos em vários outros.
Investigações e processos são instaurados em um desses países com a cooperação ativa e eficiente das autoridades policiais e judiciárias dos outros. Extradições são frequentes nessas hipóteses --tanto de nacionais quanto de estrangeiros.
Daí por que a Itália pode, sim, extraditar Pizzolato. E digo mais. A Itália deve extraditá-lo, por duas razões fundamentais. Primeiro, como medida pedagógica para o Brasil, que, no caso recente de Cesare Battisti, desrespeitou o tratado bilateral e fez pouco caso da Justiça italiana ao justificar a não devolução do italiano porque a integridade física dele estaria ameaçada naquele país. Foi um verdadeiro descalabro.
Segundo, porque Pizzolato estaria usando o benefício da dupla nacionalidade para evadir-se do cumprimento de pena no Brasil, isto é, estaria usando o manto da nacionalidade italiana derivada (obtida de seus descendentes) in "fraude à lei brasileira", conduta que a Itália não poderia jamais aceitar frente à importância, dignidade e respeitabilidade que a nacionalidade italiana confere aos seus nacionais.
MARISTELA BASSO, 53, é advogada e professora de direito internacional da Faculdade de Direito da USP

'BOM DIA CAVALO', por Dora Kramer

Publicado no Estadão deste domingo

DORA KRAMER
Como qualquer cidadão, partido, entidade, meio de comunicação, sindicato, movimento, grupos organizados em geral, o PT dispõe de liberdade para dizer o que quiser e sempre fez uso dessa prerrogativa com estridência.
Não raro em contraposição aos fatos, muitas vezes ao modo de maquiagem da realidade ─ como faz, mais uma vez, o ex-presidente Lula da Silva ao dizer que a lei no Brasil “parece que só se aplica ao PT”─, mas é um direito que lhe assiste.

Até criou dois países diferentes, o “nós” e o “deles”, para simplificar a conexão com a sociedade, cuja maioria por um bom tempo nem percebeu que os “eles” de ontem estavam perfeitamente integrados ─ para não dizer encastelados – no Brasil que na fantasia petista não tem 513 anos; nasceu em outubro de 2002, com a eleição de Lula para presidente.
Mas, digamos que toda fabulação tenha um limite. Se ultrapassado, expõe os fabuladores ao risco do efeito bumerangue. Ocorre quando suas narrativas, por assim dizer, alternativas, se voltam contra eles próprios.
É o caso da recente ofensiva contra o Supremo Tribunal Federal, acusado por dirigentes e parlamentares de partido de agir ao arrepio da lei. Ora, isso só acontece em regimes de exceção, ditaduras.
Estaria o PT se dando conta de que para defender companheiros presos diz que o país que comanda há 11 anos vive sob a égide de uma Justiça discricionária, situação contra a qual essas autoridades jamais se insurgiram? Ao contrário, compuseram a Corte onde ao menos duas vagas lhes foram franqueadas por aposentadorias antecipadas e dela esperavam uma compensação.
O discurso do PT atual já não ficaria bem se o partido fosse oposição. Sendo situação, soa a autoflagelação tão involuntária quanto imprudente e pouco inteligente.
Um governo reverente à democracia não convive com um Poder Judiciário arbitrário sem que no mínimo faça algum movimento em prol do retorno da instituição à legalidade. Se não faz, compactua ou é submisso a essa deformação.
Vamos à mais recente fala de Lula, que havia prometido nada dizer sobre até o julgamento dos recursos pendentes. A lei aplica-se apenas ao PT? Não condiz com a verdade. À ela: só no processo do mensalão foram condenados integrantes das cúpulas do PTB, PL (hoje PR), dois deputados do PP e um ex-líder da bancada do PMDB na Câmara. Além de assessores de três dessas legendas.
Por outros motivos políticos do DEM foram presos (embora não definitivamente), como o ex-governador José Roberto Arruda ou o ex-senador Demóstenes Torres, cassado pelo Senado e indicado pelo Ministério Público de Goiás por corrupção.
Dois parlamentares recentemente condenados pelo STF, deputado Natan Donadon e senador Ivo Cassol, tampouco pertenciam ao PT. O primeiro foi do PMDB e está sem partido e o segundo é do PP.
Acrescentem-se os vários governadores que tiveram mandatos interrompidos pela Justiça Eleitoral devido a abusos do poder econômico durante as respectivas campanhas. Entre eles um do PSDB.
E por falar em tucanos, está nas mãos do Supremo a ação contra o deputado, ex-governador de Minas e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, com a perspectiva de ser julgada ainda em 2014. Acusação? Peculato e lavagem de dinheiro.
Por essas e várias outras que a memória não alcança e que mediante pesquisa acurada seriam muitas mais, não se pode dizer que só há infratores da lei no PT. Da mesma forma e por isso mesmo é falso afirmar que a lei no Brasil só vale para o PT.
O que existe, sim, é maior repercussão. Primeiro pela dimensão, segundo pela falta de cerimônia do esquema, e terceiro porque se trata do partido no poder, cuja conquista deu-se em boa medida por uma trajetória construída no altar da defesa da ética e dos bons costumes na política e adjacências.

sábado, 23 de novembro de 2013

MAS O BANCO IMOBILIÁRIO DELE SÓ IRÁ FUNCIONAR SE EXISTIR TODO O CONTEXTO EM QUE O VELHO COMUNISTA POSSA USAR DO SEU CONHECIDO EXPEDIENTE, OU SEJA,COMPRAR E NÃO PAGAR, MELHOR DIZENDO, ROUBAR! MAS TEM QUE EXISTIR TAMBÉM O POVO OTÁRIO PRA PAGAR, NESSE JOGUINHO AÍ!

Adolfo Sachsida: CAMPANHA AJUDE O JOSÉ GENOINO.

ESTADOS UNIDOS NÃO SUPERARAM ASSASSINATO DE KENNEDY ATÉ HOJE, AFIRMA HISTORIADOR

do Ucho.Info

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Meio século – Nesta sexta-feira, 22 de novembro, completam-se 50 anos desde o atentado em Dallas que matou o então presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy. Em apenas dois anos de mandato, o democrata despertou esperanças na nação – até hoje, várias dessas expectativas permanecem promessas não cumpridas. Os tiros na cidade do Texas foram o início de um trauma nacional e de décadas de frustração coletiva.
O historiador norte-americano Robert Dallek é um dos mais renomados especialistas na biografia dos presidentes dos EUA. Atualmente, ele leciona na Stanford University de Washington, depois de ter atuado nas universidades Columbia, de Nova York, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA) e em Oxford, entre outras.
Para Dallek, o fato de John F. Kennedy ser tão popular entre os americanos – e também internacionalmente – não se deve apenas aos seus feitos políticos, já que, em comparação com presidentes como George Washington ou Abraham Lincoln, Kennedy fica para trás. O presidente que morreu assassinado aos 46 anos teve conquistas notáveis, mas também fracassos na política externa e interna dos EUA. Sua morte, ainda muito jovem, contribuiu muito para a imaginação coletiva, afirma Dallek, em entrevista à DW.
Dallas, Texas, três tiros: todo cidadão dos Estados Unidos que viveu o 22 de novembro de 1963 sabe exatamente o que estava fazendo no momento da terrível notícia. Como o senhor ficou sabendo do assassinato de John F. Kennedy?
Robert Dallek – Eu ensinava no Departamento de História na Columbia University, tinha acabado de encerrar a aula e estava indo para casa. Caminhando pela avenida Broadway, vi um grupo de pessoas em torno de um automóvel, escutando o rádio. Eles pareciam muito agitados. Perguntei: “O que é que houve? O que está acontecendo?” E elas disseram: “Alguém atirou no presidente.” “Oh, meu Deus!”, eu disse, corri para o meu apartamento e liguei a televisão. Estavam justamente comunicando a morte dele.
Eu me lembro da sensação de tristeza naquele fim de semana, uma sensação que tantos partilhavam. Era como se o país tivesse sofrido um golpe e uma perda terríveis. E, mesmo 50 anos depois, eu acho que os EUA ainda não superaram o assassinato de Kennedy.
Em sua biografia de Kennedy, An unfinished life, o senhor escreve que o assassinato dele foi o maior choque para o país desde o ataque dos militares japoneses à frota americana na base militar dos EUA de Pearl Harbor, no Pacífico, em 1941. Por que justamente esse presidente mexe tanto com a imaginação dos cidadãos americanos até o dia de hoje?
RD – Um dos motivos é ele ter sido assassinado, e tão jovem. Ele tinha apenas 46 anos. Como diz o título do meu livro: foi uma vida inacabada e uma presidência inacabada. Ninguém consegue imaginar como ele seria aos 96 anos. Ele ficou congelado nas nossas mentes, do jeito como era na época: jovem, vital, charmoso, espirituoso. A televisão o manteve assim, nas gravações das coletivas de imprensa que ainda podemos assistir.
Em pesquisas, John Kennedy permanece o presidente mais popular da história dos EUA. Só Ronald Reagan chega perto. Por que isso?
RD – Porque são dois homens que ainda inspiram o país e que ainda dão esperança às pessoas. Elas se lembram da retórica, da linguagem, dos discursos deles. Kennedy: “Ask not what your country can do for you. Ask what you can do for your country.” ["Não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por ele."]
Ele prometeu que levaria um homem à lua e, mesmo que não tenha vivido para ver, isso aconteceu. Em seu famoso discurso de paz em Washington, em 1963, ele instou o país a mudar a forma como via a União Soviética, para evitar uma guerra nuclear. Kennedy inspira uma forma de esperança que nenhum presidente depois dele conseguiu criar.
O que ele alcançou, efetivamente, como presidente? Que legado deixou para os americanos?
RD – Na política interna, John Kennedy não alcançou praticamente nada. Ele tinha quatro grandes metas: uma significativa redução de impostos, um seguro-saúde para aposentados chamado Medicare, um incentivo federal à educação – o que era uma ideia inovadora – e um grande projeto de lei sobre os direitos civis. Nada disso foi aprovado durante a presidência dele.
Também se podem apontar falhas na política externa: o fracasso da invasão da Baía dos Porcos, em que os cubanos exilados iriam derrubar o líder revolucionário Fidel Castro, com o respaldo de Washington. Mais tarde, Kennedy diria: “Como pude ser tão estúpido [e escutar o conselho dos militares]?
Sua cúpula com [o líder soviético Nikita] Kruschev, em junho de 1961, em Viena, em que Kruschev o massacrou, impiedosamente. Depois disso, o Muro de Berlim é erguido e Kennedy não pode fazer nada para derrubá-lo. Na realidade, ele até o aceita, para contornar uma confrontação com os soviéticos sobre Berlim.
Mas também há alguns marcos notáveis. Por exemplo, a crise de Cuba, em que ele evita uma guerra atômica. Ou o acordo de desarmamento atômico com os soviéticos. Houve essas vitórias. Mas a maior de todas era a sua inspiração.
Em seu livro recentemente lançado, Camelot’s Court, o senhor enfatiza justamente isso: que Kennedy vivia em conflito com os próprios generais, que aparentemente estavam há anos com o dedo no botão, prontos para levar o mundo a uma guerra atômica.
RD – O controle sobre as armas nucleares foi a maior preocupação dele e, de certo modo, o seu principal sucesso. Ele estava convencido de que uma guerra atômica seria o maior fracasso e a maior catástrofe para qualquer presidência. Privadamente, ele teria comentado com alguém: “Prefiro ver meus filhos vermelhos [comunistas] do que mortos” [inversão do slogan anticomunista "Better dead than red"].
É claro que ele nunca poderia ter dito algo assim em público. Todos teriam gritado: “Oh, ele é amigo dos comunistas!” Mas ele acreditava que tinha que fazer tudo a seu alcance para impedir um conflito nuclear. Se ele tivesse vivido mais, acho que a política de distensão com a União Soviética teria sido introduzida mais cedo, e não apenas com Richard Nixon, nos anos 1970.
E esses generais não simpatizavam especialmente com o próprio comandante em chefe. Quem lê o seu livro tem a impressão de que os adversários de Kennedy na Guerra Fria não estavam à espreita do outro lado do Atlântico, mas sim do outro lado do Rio Potomac, que separa a Casa Branca do Pentágono.
RD – Havia fortes tensões entre Kennedy e os seus generais. Ele ficava aflito com disponibilidade deles em relação à guerra, sobretudo a guerra atômica, que ele considerava despreocupada demais.
Os militares, por sua vez, se ressentiam que esse homem jovem, que não passara de comandante de barco de patrulha, estivesse substituindo o general de cinco estrelas Dwight Eisenhower, que, afinal de contas, conduzira a invasão [da Normandia] no Dia D, em 1944, e a vitória [aliada] na Segunda Guerra Mundial.
É preciso compreender que esses generais tinham vivenciado a Segunda Guerra e viam a vitória como resultado do emprego incondicional da potência armamentista americana. Eles tinham bombardeado a Alemanha, arrasado cidades e parques industriais, lançado bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki para forçar os japoneses a se render. Kennedy sentiu: essa época da guerra incondicional passou. Não se pode fazer isso.
Então, Kennedy não só desafiou os generais, mas também cerceou o poder deles?
RD – Ele limitou o poder de decisão deles. Kennedy assumiu o posto de presidente num momento em que até mesmo comandantes regionais podiam decidir se queriam empregar armas nucleares ou não. Ele disse: “Isso é inadmissível.”
Para mim, esta anedota diz tudo: McGeorge Bundy, o conselheiro de Segurança Nacional de Kennedy, telefona para o general no Pentágono responsável pelo plano de armamento atômico, exigindo que ele mostre o plano ao presidente. E o general diz: “Lamento, mas nós não mostramos esse plano para ninguém.”
Bundy responde: “O senhor não está entendendo: estou ligando em nome do presidente dos Estados Unidos.” Quando Kennedy é instruído, pelo corpo de generais reunido, sobre como imaginavam que seria uma guerra atômica, eles explicam que 170 milhões de chineses e soviéticos seriam mortos. Ao deixar a sala, o presidente se vira para o secretário de Estado Dean Rusk e diz: “E nós nos chamamos de Raça Humana!”

ARMAÇÃO ILIMITADA!

A ARMAÇÃO SE DÁ DO MESMO JEITO, É SÓ UMA FORMA INVERTIDA. NAS CONCORRÊNCIAS SE PROTEGE POR CIMA E NOS LEILÕES POR BAIXO. NAS PRIMEIRAS SE GANHA PELO PREÇO MÍNIMO QUANDO O PREÇO REALMENTE PRA FAZER IRÁ NO FINAL FICAR BEM ACIMA, "POR FALTA DE DETALHAMENTO", NA OUTRA, COLOCA-SE COMO VIÁVEL UM PREÇO BEM ABAIXO DO QUE REALMENTE VALERIA E É SÓ OS CONCORRENTES TAMBÉM SE ACERTAREM. E NESSE AÍ HÁ UMA SATISFAÇÃO GERAL POIS É AINDA MAIS DIFÍCIL DE DISCUSSÃO.

Odebrecht arremata Galeão por R$ 19 bilhões — com ágio de 294%

Por Naiara Infante Bertão, na VEJA.com:
O consórcio Aeroportos do Futuro, liderado pela Odebrecht Transport e pela operadora Changi, de Singapura, deu o maior lance pelo aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, durante o leilão de concessão de aeroportos que ocorreu nesta manhã de sexta-feira na BM&F Bovespa, em São Paulo. A oferta, de 19,018 bilhões de reais, representa um ágio de 294% para o governo, que havia estabelecido um lance mínimo de 4,828 bilhões de reais para o aeroporto fluminense. A oferta também foi amplamente superior à feita pelo segundo colocado, o consórcio Sócrates, liderado pela Carioca Engenharia, que deu lance de 14,5 bilhões de reais pelo empreendimento, com ágio de 200%.
O lance da Odebrecht por Galeão foi divulgado logo após a abertura dos envelopes, por volta das 10h (horário de Brasília). Depois que todas as propostas foram apresentadas, os autores das três melhores ofertas por cada aeroporto passaram para a etapa de viva voz, em que novos lances poderiam ser efetuados para, eventualmente, cobrir a maior proposta. Contudo, nenhum grupo conseguiu superar os 19 bilhões ofertados pela Odebrecht e o certame terminou sem novos lances. O grupo de engenharia detém 60% do consórcio vencedor e a Changi, 40%.
No caso do aeroporto internacional Tancredo Neves (Confins, em Belo Horizonte), a concorrência foi menor. Logo na abertura dos envelopes, o maior lance foi o do consórcio Aerobrasil, liderado pela concessionária CCR (do grupo Camargo Corrêa), com 75% de participação, e pelas operadoras Flughafen München, em Munique, e a Flughafen Zürich AG, do aeroporto de Zurique, na Suíça, donas de 1% e 24% do grupo, respectivamente. O consórcio ofereceu, inicialmente, ágio de 27,7%, com uma oferta de 1,4 bilhão de reais. O lance mínimo determinado pelo governo era de 1,096 bilhão de reais. Na etapa de viva voz, o consórcio Aliança Atlântica, liderado pela construtora Queiroz Galvão, entrou na disputa e chegou a ofertar 1,8 bilhão de reais por Confins, mas o lance foi superado pelo Aerobrasil, da CCR, que encerrou o certame com o oferta de 1,82 bilhão de reais — ágio de 66%. A soma das duas concessões renderá 20,838 bilhões ao governo — muito além dos valores que muitos ministros estimavam para o certame, entre 11,4 e 15 bilhões de reais.
Estima-se que serão necessários investimentos de 5,7 bilhões de reais no aeroporto fluminense e 3,5 bilhões no mineiro. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Galeão e Confins representam, juntos, a movimentação de 14% dos passageiros e 10% da carga no país. A Infraero é sócia compulsória de todos os consórcios com participação de 49% no capital. Isso significa que a estatal deverá investir o valor correspondente a este mesmo porcentual nos aeroportos concedidos.
Esta é a segunda rodada de leilões de aeroportos no Brasil. Em fevereiro de 2012, foram licitados os terminais de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF), quando o governo arrecadou 24,5 bilhões de reais com as concessões. Os vencedores foram habilitados, à pedido do Tribunal de Contas da União (TCU), para disputar Galeão e Confins, mas sua fatia não poderia ultrapassar 14,99% do consórcio e sem participação no controle. Entre as empresas que comandaram os consórcios vencedores das concessões passadas estão Invepar (Guarulhos), Triunfo Participações (Viracopos) e Engevix (Brasília).
Guarulhos fica para trás — O valor apresentado pela Odebrecht superou, inclusive, o lance dado pelo aeroporto de Guarulhos pelo consórcio Invepar – ACSA, arrematado em fevereiro do ano passado por 16,213 bilhões de reais. À época, o lance da Invepar, que tem entre seus principais acionistas os fundos de pensão Petros, Funcef e Previ, também não foi coberto por nenhum outro consórcio durante a etapa de viva voz. Seu ágio em relação ao valor mínimo estabelecido pelo governo foi ainda maior que o de Galeão: 373,5%. Após o fim do leilão, os concorrentes que perderam argumentaram que o valor ofertado por Guarulhos era muito superior ao seu potencial de retorno. Especialistas afirmavam, à época, que a soma dos investimentos e do valor de outorga (em torno de 22,5 bilhões de reais) seria superior ao potencial de retorno do empreendimento, de cerca de 17 bilhões de reais. A diferença entre os dois aeroportos é que o período de concessão de Guarulhos é de 20 anos (podendo ser prorrogados), enquanto o aeroporto fluminense poderá ser operado pela Odebrecht por 25 anos.
Novas regras
Uma das novas regras do edital é a exigência de experiência na operação de aeroportos com movimento superior a 22 milhões de passageiros por ano para Galeão e de 12 milhões para Confins. A regra foi estabelecida porque, no ano passado, a presidente Dilma ficou insatisfeita, para dizer o mínimo, com o fato de as grandes operadoras aeroportuárias terem ficado de fora dos consórcios vencedores. Viracopos, visto pela presidente como o de maior potencial do país, será operado pela pequena empresa francesa Égis, cujo maior aeroporto sob gestão era o de Chipre, na Europa.
Concorrentes
Os envelopes contendo as propostas foram entregues à Anac no dia 18 deste mês. Na quinta-feira, a agência informou que nenhuma empresa havia sido desclassificada. Os concorrentes deste certame são grupos que frequentemente estão envolvidos em concessões do governo. Além de CCR e Odebrecht, estavam os consórcios liderados pela Queiroz Galvão (associada à espanhola Ferrovial, operadora de Heathrow, em Londres), a Carioca Engenharia ( com as operadoras Aéroports de Paris e a holandesa Schiphol), e a Ecorodovias (associada à Invepar.
Por Reinaldo Azevedo

OS PERSONAGENS PASSAM, FICA A HISTÓRIA

Mesmo com todas aquelas coisas que envolvem a era Kennedy, em que a maioria delas nem a ele propriamente pode ser dado mérito, além do fato de estar a minha geração que de nada ainda entendia, inebriada pelo glamour que tudo aquilo representava naqueles tempos.
Claro, eu e muitos outros nos lembramos perfeitamente onde estávamos quando tomamos conhecimento do assassinato do presidente americano assim como nunca me esqueci da cara de espanto da mensageira na fazenda que trouxe para mim e para meus pais a notícia da morte do populista Getúlio, eu então com 4 anos de idade.
Isso tudo só tem importância por outros motivos e nada por questões de Estado!
Quando verificamos a origem das coisas, já passados tantos anos é que vemos que os homens pouca importância têm, mas sim as conjunturas e a história no tempo em que estes são jogados - os imensos equívocos que envolvem as posições ideológicas de certos personagem no contexto da história em que os mesmos desempenham papéis para os quais nem sempre são aqueles que eles foram programados inicialmente.
Os Kennedy, que do patriarca Joseph Kennedy, tiveram como lição de casa tudo o que um Estado pode fazer na direção de proteger um indivíduo e torná-lo um dos homens mais ricos dos EE.UU - não é nada como pressupõe uma república nem o liberalismo clássico, mas muito mais perto do que preconizam as teorias do Estado protetor que ao invés de fazer aquilo que todos esperam para todos, fazem exatamente o inverso.
No nosso caso tupiniquim, muito mais extremado, o ditador, caudilho e populista Getúlio, totalmente desprovido de personagem ideológica a não ser a que poderia ser usada para enganar os dois lados, e possibilitar fazer acordos com deus e o diabo para continuar no poder, parece, tanto quanto os Americanos ao contrário de nos envergonharmos, passarmo-los à história como heróis!

50 ANOS SEM JFK, por Ricardo Setti

Glamour, poder, paixão e tragédia

JACKIE E JACK — Com apelidos quase idênticos, Jacqueline e Kennedy tinham consciência do poder da sedução que emanavam juntos. Um fotógrafo de moda, Mark Shaw, ajudou a projetá-los, registrando momentos
descontraídos ou mais posados, em fotos em que tudo era impecável: produção, iluminação e, principalmente, os modelos 

Reportagem de Vilma Gryzinski, publicada em edição impressa de VEJA 
GLAMOUR, PODER, PAIXÃO E TRAGÉDIA

Atos públicos de grandeza, fraquezas da vida privada, casamento “perfeito” e os tiros que continuam a ecoar pelo mundo alimentam as múltiplas narrativas sobre John Kennedy 

Jacqueline Kennedy beijou o pé do marido morto, que despontava “mais branco do que o lençol” estendido sobre o resto do corpo na sala de cirurgia do Hospital Park­land, em Dallas. Puxou o lençol para cobri-lo. Sobre a fina barreira de tecido, deu mais beijos de despedida. 
Como nas tragédias gregas, tantas vezes evocadas para narrar a saga dos Kennedy, o personagem principal já era um mito. Mas nos dias, meses e anos subsequentes o mito seria filtrado, modulado, sintetizado. Jacqueline teria um papel essencial nisso, e não é impossível que tivesse começado a pensar a respeito quando ainda vestia a roupa cor-de-rosa e as luvas empapadas de sangue, endurecidas por pedaços do cérebro do presidente assassinado, como indicam os detalhes do enterro épico planejados pela viúva que mesmerizou o mundo com o véu negro e os olhos sem lágrimas. 
 

UMA IMAGEM, 1355 PALAVRAS Nos Estados Unidos, o discurso de posse de John Kennedy, em 20 de janeiro de 1961, tornou-se provavelmente o mais citado do século XX. Cada uma das 1355 palavras, pronunciadas em catorze minutos, parece manter um vigor imune às infinitas repetições, desde as conhecidíssimas “Não perguntem o que seu país pode fazer por vocês, mas o que vocês podem fazer pelo seu país” até as sombrias referências à ameaça de guerra nuclear — “O mundo hoje é muito diferente, pois o homem detém
em suas mãos mortais o poder de abolir todas as formas de pobreza humana e todas as formas de vida humana”. Dinâmico e carismático, com uma mulher que o olhava com adoração (na foto, num dos bailes do dia da posse) e uma família feita para ser fotografada, ele era a própria encarnação da “tocha passada a uma nova geração de americanos” (Foto: Paul Schultzer / Getty Images) 
Fez isso tão bem que até hoje é difícil separar acontecimentos históricos da imagem que se passou a fazer deles. Como toda boa história, a de Jack e Jackie, os apelidos quase xifópagos dos dois, continua a ser reescrita por quem a conta e por quem a ouve. 

Pessoas normais têm contradições, mas em figuras mitológicas como John Fitzgerald Kennedy as qualidades, os defeitos e as características que não podem ser classificadas como uma coisa nem outra, embora igualmente impressionantes, assumem uma dimensão impossível de ser domada sob uma única narrativa. 
Ele era eloquente, dinâmico, carismático. E também inclinado a riscos extremos e manobras obscuras. Citava os clássicos gregos e negociava votos com mafiosos. Escrevia livros e discursos espetaculares – e, quando não o fazia, amigos escritores cediam as próprias palavras e se sentiam felizes por isso. 
Filho de um milionário dominador, foi contra as ideias do pai quando ainda se discutia se os Estados Unidos deveriam ou não participar da II Guerra Mundial. Falsificou um atestado sobre a própria e precária saúde, escondendo as muitas fragilidades, para poder ocupar uma posição de combate na selvagem frente de guerra do Pacífico.

John F. Kennedy beija sua pequena filha Caroline (Foto: Werner Baroni / AFP) 

Liderou os sobreviventes do naufrágio da embarcação que comandava, nadou até uma ilha, escreveu uma mensagem a ponta de faca num coco verde e convenceu um habitante nativo a entregá-lo numa base americana em outra ilha, mas parece ter se sentido culpado por sobreviver enquanto o irmão mais velho explodiu num avião na Inglaterra.

Escolheu uma das garotas mais promissoras e independentes da alta sociedade para se casar e lhe abriu um espaço sem precedentes quando se tornou presidente. Viciado em sexo, traía-a incansavelmente, às vezes de forma torpe. Em alguns aspectos, estava tão à esquerda quanto hoje o presidente Barack Obama, que tem um poder parecido de inspirar e provocar sentimentos positivos – embora seja difícil imaginar Obama sujando os sapatos de golfe, que dirá salvando um companheiro queimado, a nado, com o colete salva-vidas dele preso pelos dentes. Em outras questões políticas, fecharia com membros do Tea Party.

Fez o programa para enviar o homem à Lua e mandou cubanos anticastristas para o desastre da invasão da Baía dos Porcos. Lá, abandonou-os à própria sorte. Abandonou também o aliado americano no Vietnã do Sul, o presidente Ngo Dinh Diem, assassinado vinte dias antes que o próprio Kennedy.
 
A GRAÇA DO ESTADO — Acontecimentos políticos dramáticos alternaram explosões de agonia e de euforia durante os dois anos e dez meses do governo Kennedy: a invasão fracassada de Cuba, a crise que quase jogou o mundo numa guerra nuclear, o impacto da construção do Muro de Berlim, o lançamento do programa para enviar astronautas à Lua, as conquistas do movimento pela igualdade dos negros. Tudo isso pontuado por momentos de graça e elegância protagonizados por Jacqueline, com seus próprios capítulos de destaque, como a visita de Estado à França, em 1961 (Foto: AP) 
A encrenca nascente do Vietnã já levava sua assinatura. Durante os dois anos e dez meses de seu governo, fez discursos espetaculares pela liberdade e pela paz, mas o mundo esteve mais perto do que nunca de acabar, incinerado numa guerra nuclear resultante da crise desencadeada quando a União Soviética instalou secretamente mísseis com ogivas atômicas em Cuba. 
Tantos filmes depois, muita gente conhece os principais lances dramáticos: os mísseis clandestinos são fotografados por aviões espiões, Kennedy manda fazer um bloqueio naval em volta de Cuba e navios de guerra soviéticos vão avançando, avançando, até ficarem literalmente a dezenas de metros dos americanos, quando Nikita Kruschev recua, temeroso das terríveis consequências (e também tendo obtido certas concessões). 
 

Jackie — viagem sozinha à Índia — A maioria de suas roupas era feita por um costureiro baseado nos Estados Unidos desde a campanha presidencial do marido, que havia concorrido com Richard Nixon. Na época, disse que não queria aparecer usando “roupas de Paris enquanto a senhora Nixon faz as suas na máquina de costura” (Foto: AP) 

Uma história menos pública da época dessa crise revela outra camada das narrativas em torno de Kennedy: o casamento com a fina e eternamente impecável Jacqueline não tinha nada de arranjo de fachada. Quando soube que seria mandada para longe da Casa Branca, alvo primário numa guerra nuclear, ela não aceitou. “Vamos todos ficar aqui. Mesmo se não tiver lugar no abrigo antiaéreo da Casa Branca, ficarei no gramado”, disse. “Quero ficar com você, morrer com você. E as crianças também.” 
Que mulher expõe os filhos ao risco de um bombardeio nuclear? Uma mulher loucamente apaixonada e num dos piores lugares em que poderia estar nessas circunstâncias: casada com um homem de libido hiperativa, criado pelo pai desde menino a buscar relações constantes e variadas, a maioria delas coisa de meia hora entre conhecer, conquistar e consumar, algumas mais longas, umas poucas incrivelmente complicadas – a amante que também se envolveu com um chefão mafioso, a casada com um medalhão da CIA, a que espionava para os alemães, a que era Marilyn Monroe. 
 

PARA MOSTRAR A “ELES” — “As mulheres dos republicanos vão estar com casacos de visom e pulseiras de brilhantes. Vamos mostrar aos texanos o que é realmente bom gosto”, propôs Kennedy ao pedir à mulher que usasse seu tailleur mais chique, um híbrido cor-de-rosa feito numa butique de Nova York com tecido e acabamentos mandados pela maison Chanel. Jacqueline não quis se trocar para a viagem com o corpo do marido. Desceu em Washington de mãos dadas com o cunhado Bob Kennedy e arrependida por ter lavado o sangue do rosto e do cabelo. Queria ter mostrado bem “o que eles fizeram” (Foto: AP) 

A morte precoce de Marilyn combinou-se ao assassinato do presidente para alimentar a torrente de teorias conspiratórias que continua a jorrar até hoje. O mais provável é que a deprimida atriz tenha sido apenas um nome estrelado a mais na lista de conquistas de Kennedy, ao lado de outras beldades da época como Kim Novak e Angie Dickinson. 
À veterana Marlene Dietrich perguntou se também tinha se envolvido com o pai dele, outro caçador de estrelas. Ela respondeu que não. “Preciso de carne fresca todos os dias, senão fico com dor de cabeça”, era a espantosa explicação de Kennedy para os íntimos. Os seguranças se horrorizavam com os riscos que o fluxo constante de “conhecidas” criava, quando na verdade o perigo estava em um único e desconhecido homem. 
Jacqueline podia enganar a si mesma em relação às traições do marido, mas tinha a mente perfeitamente clara sobre a imagem heroica que queria deixar dele depois do assassinato. Como a editora de livros que viria a ser, depois de passar de viúva sacralizada a interesseira descontrolada via casamento com o milionário grego Aristóteles Onassis, ela eliminou as passagens ruins e exaltou as boas de Kennedy. 
Uma semana depois de segurar seu corpo nos braços, chamou um jornalista de confiança e falou durante quatro horas sobre a vida, a morte e a “magia” do marido. Foi aí que fez a comparação entre o governo dele e a corte do rei Artur, evocando um trecho do musical Camelot, o nome do castelo do personagem mítico. A palavra foi infinitamente replicada como sinônimo de uma era encantada. 
 

Para o enterro, usou como referência o cerimonial de outro presidente
assassinado, Abraham Lincoln (Foto: AP) 
Como acontece com outros grandes líderes políticos, Kennedy, descrito por um biógrafo como “um dos homens mais complicados e enigmáticos que já ocuparam a Casa Branca”, pode ser usado por diferentes correntes ideológicas. O programa para mandar o primeiro homem à Lua é evocado como exemplo da grandeza, da singularidade e da incomparável capacidade de realização dos americanos. Portanto, coisa de “direita”. 
As políticas sociais são sempre consideradas “progressistas”. O histórico discurso que fez à nação em 11 de junho de 1963 de alguma maneira reflete isso. Em alguns estados do Sul, ainda havia muita resistência das autoridades ao fim da discriminação vigente entre brancos e negros em lugares públicos, em especial as escolas. 
Kennedy fez um apelo à consciência, aos valores morais e até aos ensinamentos bíblicos para acabar com essa “indignidade arbitrária”, mas não tratou os que ainda defendiam a segregação como inimigos ou aberrações – mesmo porque era o Partido Democrata que governava os sulistas. “É um problema que todos nós enfrentamos, no Norte ou no Sul”, conciliou. 
Secretamente, havia autorizado que o FBI grampeasse o líder negro Martin Luther King. O exercício do poder é complicado e a democracia não é perfeita. A última frase foi pronunciada por Kennedy em outro discurso célebre, o de Berlim, com um adendo: “Mas nunca tivemos de erguer um muro para não deixar nosso povo sair”. 
Tornou-se um lugar-comum, mas dito por ele, daquela forma e naquele momento, teve uma grandiosidade que continua a atravessar as camadas de uma história infinitamente repetida.