É...por que isso é apenas o começo e o resto eles vão botando devarinho que o povão nem sente!
Mas Reinaldo Azevedo que tem muita sensibilidade para ver essas coisas antes que elas aconteçam, e espero que também eu tenha, vamos ajudando nessa tarefa de avisar aos incautos, aqueles que por algum proveito próprio ou os que só sentem o tamanho da manjuba quando já não tiver mais solução!
Cuidado, leitores! Uma ONG pretende estatizar seus filhos porque acha que você é idiota demais para educá-los
Já escrevi alguns textos
tratando dos delírios totalitários de uma ONG chamada Instituto Alana,
que se propõe a defender os direitos da criança. Se há coisa que não
falta no país, como se sabe, é infante maltratado. A Alana, no entanto,
não parece especialmente preocupada com a criança de rua, com a
precariedade das escolas, com o trabalho infantil e tal. Nada disso! Sua
obsessão é impedir que o capitalismo perverta a mente dos inocentes,
incitando-os ao consumo irresponsável, o que poderia ser prejudicial à
sua saúde. Huuummm…
A entidade
está há muito tempo numa cruzada que busca, vejam que mimo!, proibir a
veiculação de publicidade de alimentos “pobres em nutrientes e com alto
teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio no rádio e na TV” entre as
6h e as 21h. Só isso! Assim, nesse intervalo, só poderiam ser veiculados
anúncios de espinafre, abobrinha, ricota e, creio, óleo de fígado de
bacalhau, que me rendeu, na infância, golfadas épicas. Eu tinha
bronquite, e alguém assegurou que a Emulsão Scott “fortalecia os
pulmões”… O rótulo continua o mesmo. É o único bacalhau com cabeça que
se conhece no mundo…
Mas
atenção! Nada de dar um brinquedinho para estimular a criança a tomar
aquele troço. A Alana também é contra porque seria antiético associar o
regalo ao alimento. Essa história da colher de mingau com “olha o
aviãozinho”, leitor amigo, é uma forma de perverter as crianças.
A
Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou dois projetos de lei que
fazem justamente isto: um restringe a propaganda nos alimentos pobres em
nutrientes, e outro proíbe os brindes — suspeito que, se aprovados, o
Kinder Ovo terá de sumir das prateleiras do estado, e os ovos de Páscoa
serão recheados com trechos dos diários de Che Guevara…
Ontem,
representantes da Alana estiveram no Palácio dos Bandeirantes para pedir
que o governador Geraldo Alckmin sancione as duas leis — o que,
obviamente, ele não pode fazer porque se trata de duas flagrantes
inconstitucionalidades. A regulação da propaganda é de competência
federal. Foram recebidos pelo secretário estadual da Casa Civil, Edson
Aparecido. Leio na Folha o que diz o secretário:
“A equipe técnica ouve todo mundo, e tem que ter uma análise constitucional, jurídica. Colocamos toda a equipe para analisar, ver o que aconteceu em outros Estados e países. O mais importante é que o governo se abriu pra debater a matéria”.
“A equipe técnica ouve todo mundo, e tem que ter uma análise constitucional, jurídica. Colocamos toda a equipe para analisar, ver o que aconteceu em outros Estados e países. O mais importante é que o governo se abriu pra debater a matéria”.
Entendo a
fala de Aparecido, especialmente nestes tempos em que há tantas pessoas
querendo ajudar a velhinha a atravessar a rua, ainda que ela não queira…
Mas noto que nem toda matéria é passível de debate, especialmente
aquelas que afrontam de maneira tão flagrante a Constituição. O Artigo 220 da Carta é claro como a luz do dia — reproduzo em azul:
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
(…)
§ 3º – Compete à lei federal:
I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º – A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
(…)
§ 3º – Compete à lei federal:
I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º – A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
Retomo
As leis aprovadas pela Assembleia Legislativa são inconstitucionais, e chega a ser ridículo que o Alana vá ao Palácio dos Bandeirantes reivindicar que o governador jogue a Constituição no lixo.
As leis aprovadas pela Assembleia Legislativa são inconstitucionais, e chega a ser ridículo que o Alana vá ao Palácio dos Bandeirantes reivindicar que o governador jogue a Constituição no lixo.
E há,
obviamente, a questão de mérito. Entregue o país para ser governado por
engenheiros segundo os fundamentos da engenharia, e teremos uma
ditadura. Entregue o país para ser governado por médicos segundo os
fundamentos da medicina, e teremos uma ditadura. Entregue o país para
ser governado por jornalistas segundo os fundamentos do jornalismo, e
teremos uma ditadura… Felizmente, o gênio humano criou — vejam que
coisa! — a política e os políticos, que representam, nas democracias,
uma média e um equilíbrio das vontades.
As duas
leis aprovadas na Assembleia e o Alana estão querendo estatizar as
nossas crianças, tirando dos pais o poder e o direito de decidir o que
seus filhos veem ou não na televisão. Mais ainda: cabe a eles decidir o
que compram ou não para suas crianças. Não precisamos de um estado babá
para cuidar desses assuntos. Uma coisa é reivindicar, e eu apoio, que os
produtos tragam de forma visível, em letra legível, a sua composição,
teor de gordura, de açúcar, de sódio etc. Outra, distinta, é o poder
público atuar como censor.
Fiquem
atentos: os mesmos “progressistas” que tratam com simpatia a censura à
propaganda de biscoito costumam defender a descriminação das drogas.
Ainda vamos liberar a venda de maconha e proibir a de chocolate…
Encerrando
Se a proposta do Alana um dia virasse uma lei federal — e todo cuidado é pouco —, a própria liberdade de expressão estaria em risco. Por que não proibir a propaganda de produtos poluidores como os carros, por exemplo? Ou dos que exploram a “usura”, como os bancos? Ou dos que investem no medo do futuro — os planos de previdência e seguro-saúde? Depois de algum tempo, restaria só a propaganda oficial. Seria a morte da liberdade de opinião e de expressão. É a publicidade que financia a pluralidade da imprensa. Não por acaso, veículos que dependem de estatais para sobreviver rastejam por aí a sua subserviência.
Se a proposta do Alana um dia virasse uma lei federal — e todo cuidado é pouco —, a própria liberdade de expressão estaria em risco. Por que não proibir a propaganda de produtos poluidores como os carros, por exemplo? Ou dos que exploram a “usura”, como os bancos? Ou dos que investem no medo do futuro — os planos de previdência e seguro-saúde? Depois de algum tempo, restaria só a propaganda oficial. Seria a morte da liberdade de opinião e de expressão. É a publicidade que financia a pluralidade da imprensa. Não por acaso, veículos que dependem de estatais para sobreviver rastejam por aí a sua subserviência.
Isso tudo é
tara autoritária. É saudável que se discuta, sim, a ética na
publicidade — para crianças ou adultos. Mas não precisamos do Alana ou
do estado como babás. As famílias cuidam de seus respectivos filhos, e a
sociedade cobra do setor publicitário a autorregulação.
Agradeço o
esforço do Alana, tão preocupado com a gente e com nossos filhos. Mas
que vá vender sua cantilena autoritária em outra freguesia. Quem lhe
conferiu licença para ser polícia da publicidade, de nossa consciência e
de nossos lares? Por que não troca sua obsessão autoritária por uma
criança pobre?
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