O PANORAMA VISTO DA SERRA

sábado, 3 de novembro de 2012

CIDADES, O SONHO IMPOSSIVEL?

Ligo a TV e logo vejo em todas as cidades do mundo a mesma paisagem urbana no que tange aos automóveis e aos anuncios das marcas! São os mesmos em todas elas, e até nas localizadas em países antes comunistas!
Os mesmos modelos dos automóveis em todas elas, as marcas, tudo, tudo igual e que deveria nos levar a pensar que evoluimos, que "vejam como estamos parecidos com êles!" Não é mesmo?
Me vem pensamentos que de maneira alguma devem compartilhar com o da maioria dos demais, pois  ainda me lembro do tempo em que diferenciávamos em tanto essas paisagens urbanas internacionais dos países chamados desenvolvidos, que achávamos que era aí realmente onde residia a diferença!
O sonho impossivel! Era isso que representava lá na minha infancia e adolescencia.
Francis Ford Copolla disse que a cidade ideal era a que os ricos andassem de metrô e os pobres de automóvel! Isso lá nos EE.UU., onde quase sempre existiu uma pequena parcela de população pobre que nunca tenha possuido um automóvel, vá lá, mas aqui, onde uma parcela imensa da população agora almeja em poder ter esse sonho do consumo americano dos anos 40 e 50, o que dizer disso, e ainda mais quando temos um governo demagogo e populista que incentiva por todos os meios a realização do agora "sonho possivel"?
E ainda tem muita gente boa aí impressionado com novos modelos de automóveis que são lançados, não a todo ano mas a toda hora, para morrerem engarrafados nas cidades ou emburacados nas péssimas condições das nossas rodovias!
Em vez de me sentir orgulhoso como poderia pensar a maioria dos nossos brazucalhas, não fico, e me lembro da música de Raul Seixas Ouro de Tolo "Eu devia estar contente por que tenho um emprego sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês... eu devia estar feliz por que consegui comprar um corcel 73... mas confesso abestalhado que estou decepcionado...porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais, no cume calmo do meu olho que vê, assenta a sombra sonora de um disco voador"...
Não, não seria perfeitamente normal apenas sabermos onde e quando se deu  essa "evolução", pois é justamente daquilo que não deveriamos mais nos orgulhar, que nós mais nos valemos para demonstrar nosso progresso.
Nos itens em que nós mais achamos que melhoramos ao ponto de ficarmos iguais a eles, é onde os mesmos se envergonham de ainda não poderem ter-se libertado dessas tais quinquilharias urbanas.
Pois, ainda que isto lá não represente nada ou quase nada, ou a iniquidade, aqui é para nós ainda o que representa o novo, o progresso, e estamos a todo momento a investir em cidades falidas, projetos do caos.
Vemos como isso fica patente nas pequenas cidades, onde ainda nem se sonha na mudança desse paradigma, continuando as administrações municipais voltadas para a construção de praças, a pavimentação de ruas, e a uma concentração sem possibilidade minima de mobilidade urbana.
Não estamos conseguindo apesar dos exemplos, de nos desapegarmos desse modelo falido, ainda que tenhamos consciencia de que vivemos num País tropical com todas aquelas dificuldades criadas pelo clima em casos de concentração demográfica.

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