O PANORAMA VISTO DA SERRA

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

URBANIZAR É HUMANIZAR

Muito se fala para o bem e para o mal a respeito das nossas mazelas sociais e as possiveis causas que apesar de não se ter certeza das suas reais influencias também inexiste força em sentido contrário para que aquilo seja revertido.
São sempre as mesmas cantilenas que conhecemos de longas datas: a má distribuição de renda, a ausencia de politicas publicas de segurança, a educação que nunca é levada a sério e outras coisas mais, mas nunca ninguém ataca uma que considero a pior de todas elas, pois trata-se da própria condição de harmonia entre o cidadão e o seu meio natural externo: a URBANIZAÇÃO. Urbanizar é antes de tudo humanizar, e não simplesmente promover a construção de equipamentos apenas com a intenção de rotular e de atender a certas demandas populistas.

Pois é. É aí onde reside senão todo, mas as raizes de todos os males que nos afligem. É só olharmos para a nossa paisagem urbana, e não digo somente as favelas mas toda a rede urbana que passa pelas habitações das classes médias e pelo sistema de mobilização e utilização dos espaços urbanos onde na maioria das nossas cidades não existe nenhuma ou quase nenhuma participação do elemento humano nesses locais, e que sempre justificamos com os argumentos inversos entre causa e efeito de que não os utilizamos por falta de segurança, mas sim por que não tivemos uma educação voltada para que valorizassemos isso desde o momento em que abrimos uma via e dispomos às suas margens os locais onde deverão ser edificadas as células habitacionais mais individuais.
Só como exemplo, se numa via de acesso local for feito um sistema perfeito de drenagem, pode muito bem ser dispensado o uso de uma pavimentação, aumentando a permeabilidade dos solos e com árvores e vegetação abundante cujas folhas certamente não obstruirão o sistema coletor, mas por não querermos dispor de espaço maior nunca poderemos ter árvores próximas ás nossas casas em virtude da interferencia com as redes de energia.

E contráriamente a tudo isso, as casas têm muros cada vêz mais altos e as árvores caso vierem a existir "serão um convite aos malfeitores"! É preciso mudar os paradigmas!
Os Países do mundo desenvolvido já o fizeram há muito tempo e por isso continuarão a serem chamados de desenvolvidos, e nós, por mais que nos achemos uma grande economia, que não é mérito de nenhum brasileiro, continuaremos a ser eternamente subdesenvolvidos!
Aqui vale uma simples pergunta: por que em um País tão grande como o nosso os pobres tem que viver em espaços tão exíguos? Logo os mais pobres, que por falta de outros meios, mais necessitariam disso? Será que achamos que eles deverão permanecer eternamente pobres, nunca tendo o direito de possuirem árvores e jardins em suas casas, locais onde guardarem um automóvel, ou que pelo menos os equipamentos que ora ainda não chegam até êles nunca possam um dia virem alí a trafegar? Pode um ser humano, que desde a infancia se vê preso entre paredes e pais sem instrução suficiente ter reação diferente de uma fera enjaulada?

Claro que não vale aqui comparações com êste ou aquele País especifico ou mesmo pessoas sem antes dar explicações e colocar as devidas condicionantes, mas quando alguém olha para os nossos imensos campos a perder-se de vista e o nosso clima tropical que oferece situações bem peculiares e sabemos perfeitamente disso, só uma coisa pode lhe vir à cabeça: o Estado brasileiro não quer gastar com infra-estrutura por que é cara, não dá votos e por isso ajuda a promover concentrações urbanas sem a menor condição de mobilidade e mesmo de vida, transferindo para os pobres a culpa dos mesmos terem chegado mais tarde a esses locais!

E é claro também que não é só isso que irá resolver todos os problemas que envolvem a atual estrutura social brasileira, mas convenhamos, quando você é generoso na utilização dos espaços e isso tivesse sido um pensamento lá do passado, seria muito mais fácil e mais barato agora resolver muitos dos problemas de cirurgia urbana a que são obrigadas as cidades no seu crescimento e adequação às novas necessidades, ou mais simploriamente poderiamos dizer que teriamos mais espaço para que o próprio Estado pudesse ter acesso às nossas comunidades mais pobres, o que efetivamente hoje se torna impossivel tanto quanto para alí trafegarem simples veiculos de entrega!

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