O Brasil nos surprende a cada dia no tocante à corrupção e aos escandalos.
Quando ví ainda quase uma criança desfilar na minha frente os escandalos, o"Caso Profumo" na Inglaterra e mais tarde o "Watergate" nos EE.UU., pensei logo: jamais superaremos isso! Achei que éramos uns babacas, uns principiantes, por que aqui não aconteciam coisas desse tipo e juraria que isso nunca viria a acontecer.
E olhem que o ministro Profumo caiu, mais por ter mentido ao Congresso do que pelo fato de ter se envolvido com uma prostituta que tinha como cliente um agente da URSS.
No caso Watergate, foi a primeira vêz que eu ouvira falar em impeachment ( que nome pomposo - hoje até um prefeitinho de qualquer localidade tupiniquim sofre impeachment!), que não chegou a acontecer por ter o presidente Nixon renunciado. E tudo isso pelo fato de que ele apenas sabia... hein?
Lembram-se daquele que sabia aqui? Disse que não sabia e tá é procurando fazer mais, não é?
O que veio depois se me deixou frustrado por um lado veio também o amadurecimento e a constatação que realmente éramos diferentes, não na produção da imoralidade mas na sua aceitação, pela total ausencia da impunidade! Aqui realmente o crime poderia correr solto e se não tinha ainda corrido suficientemente era por falta de oportunismo da putada.
Estava aí implantada a marca nacional: nós éramos condescendentes com a ilegalidade e a falta de ética.
Durante aqueles anos de adolescencia nós viamos essas coisas como tentos a favor da irreverencia e a contestação de tudo o que era brasileiro e antigo; era também a rebeldia, o modernismo que vinha de fora, mesmo que praticado pelos "velhos".
Nixon dançou, dançou o primeiro ministro Inglês, mas isso não nos importava muito, e sim o fato de que por nos situarmos na classe média achavamos que éramos muito moralistas, como nos mostravam nossos pais.
Nem desconfiavamos o que estava escondido e que logo viria a emergir!
Mas não durou muito tempo para começar a escalada, um aqui outro alí e iam aparecendo os casos de corrupção e instaladas as CPMI's, muito palavrório, mas ninguém pagava nada, não ia para a cadeia e tudo continuava como antes no quartel de abrantes.
Hoje já não estranho mais nada disso que acontece aqui entre nós, a tal jaboticaba, mas que são muitas as jaboticabas no nosso quintal!
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