Artigo no
Alerta Total
Por Milton Pires
Milton Simon Pires é Médico.
Por Milton Pires
Síndrome da China é um filme
americano de 1979. Trata basicamente da história de um acidente em uma usina
nuclear. Qual a relação com o artigo? Nenhuma!
Do filme, só escolhi o título; o resto não tem “nada a ver”.
No final
explico o porquê. A questão é a seguinte – uma coisa começou a me incomodar;
não dei importância. Continuou a me incomodar; fui ficando irritado... Persiste
incomodando; agora a irritação virou
preocupação legítima. O tema aqui é o seguinte: o nascimento de uma eventual
oposição no Brasil através das redes sociais na internet.
Sobre a oposição ao PT no país,
começo dizendo o seguinte – Não existe oposição ao PT no Brasil! Já escrevi
isso “milhares de vezes”!
“Bom, Milton, então qual a razão
do artigo?” A razão do texto é
atrever-se a dizer que ela, a oposição, está nascendo. Acalmem-se e não fiquem
histéricos... Deixem eu explicar por que. Ocorre o seguinte: quando afirmo que
não existe oposição no país, quero dizer que não existe oposição política aos
petralhas, mas não afirmo que não exista um processo, esse sim de oposição,
surgindo dentro de um segmento social muito específico – uma certa parte da
classe média brasileira.
Esse segmento vem modificando a
sua maneira de pensar. Essa parte da sociedade é, muito mais do que a classe
operária e a acadêmica, geradora de
mudanças profundas. Marilena Chauí sabe perfeitamente do que estou falando. Daí
seu ódio à classe média brasileira – prova incontestável do seu papel na futura
Contra-Revolução Cultural que há de fazer frente ao PT.
Quem lê esse artigo, compra
livros do Olavo de Carvalho, lê o blog do Reinaldo Azevedo e do Jorge Serrão,
reflete sobre o que diz Graça Salgueiro, estuda Heitor de Paula e (como eu) é
fã do Lobão! Desgraçadamente, não encontramos no país um só partido capaz de
fazer eco com aquilo que pensamos. Somos pessoas que detestam o PT, mas não
conseguimos ver (com toda razão) “oposição” alguma no PSDB, DEM, e por aí vai..
Acontece, meus amigos, que nós
estamos começando a nos comunicar. Frequentamos os mesmos cursos, compramos e lemos
os mesmos livros, assistimos os mesmos filmes e, por último, mas não menos importante – estamos todos nas
benditas (serão mesmo?) redes sociais.
“Tá e daí, Milton?” Daí o
seguinte, pessoal: tenho observado algo (a tal coisa lá do início do artigo) que
tem me deixado preocupado: começamos a competir entre nós mesmos para ver quem
é mais de “direita”. Queremos saber quem
é mais “conservador”. Duvidamos que existam outros mais “anti-petralhas” do que
nós! Começamos a brigar nesses grupos de Facebook e iniciam-se as expulsões, as
caças às bruxas, a noção de que existem “agentes petistas” entre nós..e por aí
vai..
Meus amigos, deixem-me esclarecer
algo: eu mesmo tenho um grupo no Facebook que administro. Não é o objetivo do
artigo fazer propaganda dele aqui. Sei perfeitamente que o PT montou uma
“patrulha virtual” para dar combate a quem lhe faz oposição. Afirmo inclusive,
correndo o risco de despertar gargalhada ou piedade, que alguns grupos de
médicos são criados e coordenados por essas pessoas para servir de “oposição
permitida” e manter o Partido informado sobre o que se discute, mas gostaria de
dizer o seguinte: por favor não se enganem.
Não imaginem uma “Primavera
Brasileira” através do Twitter ou de qualquer outra rede social. Sem ser
cientista político ou profeta, eu afirmo a vocês – isso não vai acontecer no
Brasil. As revoluções do Oriente Médio não mudaram a cultura daquela parte do
mundo através da internet. A internet foi usada para mostrar - lá - que a cultura havia mudado! Em relação
aos distúrbios de junho aqui no nosso país, eu já disse quem os planejou. Olavo
de Carvalho definiu muito melhor do que eu quais os seus objetivos. A internet
não criou Black Blocks; Black Blocks apenas usaram a internet..só isso..
Em 1966, durante a Revolução Cultural
Chinesa, aquele país foi varrido pela violência dos Guardas Vermelhos.
Adolescentes enlouquecidos disputavam entre si o privilégio de apresentarem-se,
cada um,mais revolucionário do que o outro. O caos que tomou conta da China foi tão grande que o próprio Mao Tse Tung
viu-se obrigado a convocar o Exercito Vermelho para contê-lo. Menciono aqui
esse fato histórico para fazer o seguinte apelo - não vamos permitir, nesse
momento, que algo semelhante ocorra com a parte da classe média brasileira que
quer ver o PT fora do poder.
Não podemos nos iludir pensando
que tramamos no Facebook a queda do governo brasileiro. Redes sociais,
acreditem em mim, não fazem isso! Não é, ainda, a hora da conspiração..é
simplesmente o momento do encontro daqueles que pensam as mesmas coisas.
Tudo o que se discute..tudo o que
se escreve online hoje é, sim, fundamental e – podem ter certeza - vai ajudar a tirar o PT do poder; mas vai
levar muito..,muito tempo para dar resultado.
Não gostaria que esse texto
passasse uma mensagem desanimadora. Se eu acreditasse na ideia de que não é
possível opor-se a essa tirania eu não escreveria mais nada..não participaria
de grupos de Facebook e não me preocuparia em pensar na oposição.
A oposição, meus amigos, ainda
não existe, mas peço novamente para acreditarem em mim – ela vai surgir. Vai
aparecer quando um determinado partido político resolver dar voz a gigantesca
maioria de brasileiros contra o casamento gay, contra liberação das drogas ou
do aborto, das cotas nas universidades... Enfim, quando milhões de pessoas
exigirem representação política de uma unidade cultural que não temos.
Nesse meio tempo, nessa etapa de
transição, temos que ter todo cuidado para não fazermos entre nós aquilo que o
PT mais quer (e sabe fazer) – brigarmos entre si! Ou lembramos disso, ou – com
ou sem vazamento nuclear – vamos ter nas redes sociais um grau de violência
entre os grupos que se opõem ao PT muito semelhante ao que aconteceu na
Revolução Cultural.
Vai ser um novo tipo de Síndrome
da China...
Milton Simon Pires é Médico.
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