A
presidente Dilma Rousseff está soltando fogo pelas ventas. Sente-se
traída por alguns dos incompetentes que a cercam. Duas figuras se
destacam: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Gilberto
Carvalho, secretário-geral da Presidência. A depender do rumo que tomem
as coisas, não é apenas a reeleição da presidente que está ameaçada, mas
a sua candidatura. Como já lembrou Carvalho certa feita, o PT tem Lula
no banco, que sempre pode ser escalado. Se Dilma despencar e se a saúde
do ex permitir, por que não chamar de volta o demiurgo? Mas cuido de
Carvalho daqui a pouco. Quero dar destaque a este senhor.
Costumo
chamá-lo de Cardozo, o Garboso. Ele sempre tem um jeito muito sério de
falar, com a voz empostada, afetando guardar graves e profundos
pensamentos. Também gosta de se fingir de um petista diferente, mais
sofisticado, que se distancia da turma da pesada. O seu papel nessa
crise, especialmente do dia 13 deste mês até hoje, escreve uma das
páginas mais vergonhosas vividas pelo Ministério da Justiça. E olhem
que, fazendo um retrospecto, não é fácil disputar a liderança desse
ranking. Cardozo teve concorrentes de peso no passado. Mas ele conseguiu
superar a muitos na ruindade, seja pelo mérito da estupidez que fez,
seja pelas consequências — que foram explodir onde muitos não esperavam:
no colo de Dilma.
Os
protestos contra as tarifas de ônibus começaram a ganhar corpo em São
Paulo, onde esse estupefaciente Movimento Passe Livre (MPL) — um dos
líderes já é quase um vovô, mas se fantasia de estudante alternativo — é
mais forte. Como a repressão à baderna é tarefa do governo de São
Paulo, o prefeito Fernando Haddad se escondeu — como se hábito — e
largou a batata quente na mão do governador. Nota: o tal MPL sempre foi
aliado do PT. O partido é que lhe deu visibilidade, que fez a sua pauta
aloprada parecer razoável.
O protesto
do dia 13 de junho marcou um ponto de inflexão nessa história, que
passou a contar com novos marcos na segunda, dia 17. Explico tudo
direitinho. As manifestações anteriores lideradas pelo Passe Livre já
vinham se caracterizando por vandalismo e violência. As imagens não
mentem. Há fotos aos montes. No dia 11, um policial foi linchado. Ônibus
oram depredados. Os vândalos espalhavam fogo e lixo por onde passavam,
paralisavam a cidade. Só O GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN PROTESTAVA.
Silêncio em Brasília. Silêncio na Prefeitura de São Paulo. Silêncio no
petismo.
No dia 13,
a tropa de choque negociou com os manifestantes e estabeleceu: não era
para subir a Consolação e ganhar a Paulista. Mas quê… Os valentes
resolveram afrontar a força especial. Não reconheciam a autoridade da
polícia. Exigiam exercer o seu suposto direito de rasgar o Artigo V da
Constituição. Ao tentar furar o bloqueio, o confronto começou. E o resto
é história. Alguns jornalistas ficaram feridos, criou-se o mito de que
os policiais perseguiam a categoria na ruas — na verdade, repórteres
eram e são permanentemente hostilizados pelos manifestantes —, e Elio
Gaspari decretou: a culpa é da polícia. Se Aiatoelio falou, a fatwa
contra a PM está decretada. Ali começava o outono da anarquia no Brasil.
Mas tratarei desse particular em outro post. Quero voltar a Cardozo.
Eu estava
voltando do Rio quando o pau estava comendo em São Paulo. Tinha
participado de um debate sobre imprensa e impunidade no Clube Militar,
com a ministra Eliane Calmon, do STJ, o economista Rodrigo Constantino e
o professor Marcus Fabiano, da Universidade Federal Fluminense. Tão
logo saí do avião, 19h20, pulou um SMS na tela, da minha mulher: “Não
venha pra cá. Caos. Confronto. Higienópolis está cercado”. E aí passei a
monitorar a coisa pelo celular, perambulando pelo aeroporto, misturando
fome, raiva, vontade de fumar (tinha acabado de sair de uma pneumonia),
indignação com o fato de uma pauta estúpida, absurda mesmo!, paralisar a
cidade. E então caiu lá uma notícia; José Eduardo Cardozo, o caridoso,
oferecia “ajuda” a Alckmin. Como??? Ajuda de Cardoso???
Consegui
falar com secretários do governo. Perguntei o óbvio: “O ministro ligou
para o governador? Ofereceu ajuda pessoalmente? O que disse Alckmin?”. E
fiquei sabendo, então, que este estupefaciente ministro, que este
absurdo ministro, que este incompetente ministro, com notável cara de
pau, havia oferecido ajuda por intermédio da imprensa. Pré-candidato do
PT ao governo, o titular da Justiça se aproveitava, mais uma vez, de uma
situação difícil em São Paulo para tirar uma casquinha, para fazer
proselitismo, para fazer baixa política. Ele jamais perdeu a chance de
prejudicar o povo paulista para cuidar de interesses partidários. Cito
as vezes em que optou pela chicana, não pela resposta de homem de
estado: 1) desocupação da Cracolândia; 2) desocupação do Pinheirinho; 3)
desestabilização do ex-secretário de Segurança Antonio Ferreira Pinto.
Atenção! No dia 9 de junho, antes de o mundo cair na cabeça de Dilma, Cardozo já havia concedido uma entrevista ao
Estadão atacando o governador de São Paulo. O senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP) reagiu à sua estranha oferta do dia 13. Pois bem: o
jornal amanheceu no dia 17 deste mês, data em que São Paulo deveria
assistir ao “big one” das manifestações (com muitos petistas apostando
no caos para atingir Alckmin) com mais uma entrevista do ministro. Não
hesitou: atacou severamente a PM de São Paulo, acusando-a de truculenta,
sugerindo que era despreparada. Sabem quais polícias ele usou como
exemplo positivo? A do Rio e a de Brasília. Bem, vocês viram o que
aconteceu nesta quinta nessas duas praças. E não! Não foi por culpa dos
policiais — de São Paulo, do Rio, do DF ou de qualquer outro lugar. A
culpa é dos vândalos.
Atenção,
leitores! Faz quatro dias, o sr. José Eduardo Cardozo achava que se
tratava de um problema paulista e que a PM deste estado não sabia lidar
com o povo. Ele, definitivamente, não estava entendendo nada. Mas alguma
coisa naquela segunda já estava fora da ordem imaginada pelo PT, e só
as Carolinas do Planalto não viram. O protesto em São Paulo foi
realmente grande — reuniu 65 mil pessoas —, mas o do Rio, com metade da
população, juntou 100 mil. Alguns tontos chegaram a anunciar que os
manifestantes cariocas marchavam em apoio aos de São Paulo. Bobagem! Não
era, não. Que se lembre: os petistas mobilizaram seus aparelhos
sindicais e deram a ordem: era para tomar as ruas da capital paulista.
Estavam, literalmente, brincando com fogo.
Dilma, lá
no Palácio, que anunciara havia dias o seu programa para a compra de
sofá e geladeira, achava que tudo caminhava bem. O seu ministro da
Justiça endossara, na prática, as palavras de ordem contra a polícia que
passaram a ser recitadas pela imprensa do país inteiro. Aí, meus caros,
as portas do caos estavam abertas — ainda farei um texto específico
sobre a absurda demonização das Polícias Militares que tomou conta do
jornalismo brasileiro.
Com o país
iluminado pelas chamas dos vândalos e casos de depredação em quase
todas as capitais e algumas grandes cidades, Cardozo engoliu a sua
grande língua e suas palavras irresponsáveis. Desapareceu. Não ofereceu
ajuda a mais ninguém. Parou de atacar as Polícias Militares. Silenciou.
Gilberto Carvalho
Este senhor é responsável pela interlocução com os chamados movimentos sociais. Também é um notório depredador da ordem em São Paulo. Também ele, a exemplo de Cardozo, não perdeu uma só chance de atacar a Polícia Militar e o governo do Estado. Atenção! Um assessor do ministro tem as digitais na confusão acontecida na desocupação do Pinheirinho. O nome do valente é Paulo Maldos, que é também a mão que balança o berço no caso de uma outra “revolta”, a indígena. Já escrevi a respeito. O verdadeiro clima de guerra entre índios e proprietários rurais no Mato Grosso do Sul foi parido na Secretaria-Geral da Presidência, e o tal assessor está no epicentro da crise.
Este senhor é responsável pela interlocução com os chamados movimentos sociais. Também é um notório depredador da ordem em São Paulo. Também ele, a exemplo de Cardozo, não perdeu uma só chance de atacar a Polícia Militar e o governo do Estado. Atenção! Um assessor do ministro tem as digitais na confusão acontecida na desocupação do Pinheirinho. O nome do valente é Paulo Maldos, que é também a mão que balança o berço no caso de uma outra “revolta”, a indígena. Já escrevi a respeito. O verdadeiro clima de guerra entre índios e proprietários rurais no Mato Grosso do Sul foi parido na Secretaria-Geral da Presidência, e o tal assessor está no epicentro da crise.
Assim, em
vez de ser um interlocutor, Carvalho, na prática, se comporta como um
insuflador de conflitos. Como esquecer aquela sua conversa com
lideranças indígenas da região de Belo Monte, quando afirmou que a
presidente da República havia dado uma ordem para que o ministro da
Justiça não cumprisse uma reintegração de posse? Sua atuação no Planalto
anda cada vez mais nebulosa. Gente ligada à sua pasta se envolveu na
organização de um protesto em… Brasília na estreia da Copa das
Confederações — aquele dia em que Dilma foi vaiada… três vezes!!!
Se
Carvalho estivesse dedicado à resolução de conflitos e se antecipado a
eles, em vez de promovê-los, certamente teria percebido uma nuvem negra
se adensando no país. O que ainda não tenho claro é se ele realmente não
percebeu nada ou, pior para Dilma, percebeu tudo e deixou que as coisas
seguissem o seu curso. Até a depredada Esplanada dos Ministérios sabe
que o candidato in pectore do chefão petista na eleição do ano que vem é
Lula, não Dilma. NÃO SE ESQUEÇAM DE QUE CARVALHO, NOS PRIMEIROS MESES
DO ATUAL GOVERNO, LEMBROU QUE LULA PODERIA VOLTAR À CENA.
Nesta
segunda, a presidente reúne a cúpula do governo. Seu prestígio, que já
havia caído, deve ter despencado. O curioso é que tudo nasceu mesmo da
má consciência. Petistas e forças filopetistas resolveram brincar de
excitar as massas em São Paulo, achando que é simples, fácil e seguro
manipulá-las. Aí está o resultado.
Pois é… O
irônico é que se estimou em 100 mil pessoas o número de manifestantes em
São Paulo nesta quinta. Não houve incidentes com a Polícia Militar. Ao
contrário até. O clima na capital era amistoso. O que se viu mesmo foram
bandeiras do PT sendo queimadas. Os militantes do partido, que haviam
obedecido as ordens de Rui Falcão e aderido à manifestação, tiveram que
enrolar seus panos e ir embora. E a massa gritava uma rima impublicável
em “ê”
“Ô PT, vai se fervê
E leva a Dilma com você”.
E leva a Dilma com você”.
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