O PANORAMA VISTO DA SERRA

sexta-feira, 21 de junho de 2013

MPL: A ESQUERDA QUE DEVORA

Se é como dizem os que se dizem não líderes do movimento, "a pauta foi cumprida e não convocaremos mais manifestações" não por não sermos não líderes mas por sermos não líderes!
O fato é que pelo sim, pelo não, se quem deu esse START, até que tenha partido de setores do governo  não previu a  sua reação, não imaginou que haveria uma agregação tão grande, uma atração de massas que há muito estavam na inércia. 
Esqueceram-se que ao corpo, com a força inicial que foi desencadeada apenas com o intuito de redução de uma tarifa de transporte público, poderia logo vir a agregar-se de cartazes que falavam de uma pauta imensa que, se não estava já anteriormente aguardada para entrar na hora certa, foram se achegando com as populações que as tinham já atravessadas nas gargantas há bastante tempo. 
E pessoas não necessariamente jovens que também passaram a retomar seus antigos lugares na praça e mais todos aqueles milhões que apoiaram incógnitos ou pelo menos sem darem as caras!
O fato é que foram muitos, muitos nuncaantesvistonahistóriadestepaiz desde os tempos em que o Sebento Falastrão fazia as sua manifestações nas ruas de S. Bernardo.
Agora, resta saber qual será a resposta das eleições que efetivamente não serão contadas por esses milhares que foram e não foram às ruas, mas por aqueles que se encontram calados na sua total ignorância e sem noção das suas verdadeiras importâncias na sociedade e sem nada entenderem como é que puderam fazer manifestações contra um "governo tão bonzinho que nos dá tantas coisas"!

Abaixo um artigo de Ipojuca Pontes, bastante esclarecedor sobre esse movimento que chamo de certa forma de um fenômeno:
                                                                                                                                               j.a.mellow

A legenda gramsciana recomenda que, para derrubar o capitalismo é preciso, antes de tudo, dominar os aparatos ideológicos do Estado que atuam sobre a consciência humana, um deles, o saber.

No Brasil, as universidades, tomadas há décadas pelos marxistas, se converteram num aríete contra a “sociedade burguesa”. Bem, se é verdade que o Movimento Passe Livre, que dizem estar por trás das passeatas que infestam o País, traz carimbo universitário – então ele carrega em si a velha contradição revolucionária de “mudar, para continuar na mesma”.

No histórico, a luta pelo poder entre comunistas tem sido antropofágica. Feita a revolução, tomado o poder, o governo totalitário se estabelece e, para reinar sozinho, impõe a conformidade e, de passagem, quebra o pau nas costas dos dissidentes. Em retrospecto, o que ocorreu na Rússia, China e Cuba é de uma rotina enfadonha. Anote: mesmo exilado no México, o dissidente Trotsky, criador do Exército Vermelho, morreu com golpes de picareta desfechados por um esbirro de Stalin.
E Camilo Cienfuegos, um dos líderes de “la revolución” cubana, evaporou-se no ar depois de um desastre aéreo tramado pelo zeloso Fidel. Já Mao, pedófilo nato, empenhou-se fundo no sacrifício de meia cúpula do PC Chinês durante o período da Revolução Cultural. Será preciso dizer que, na atual perestroika russa, o camarada Putin liquida os adversários com doses de veneno?
 
Disto isto, é bom reconhecer que no Brasil, depois de dez anos de desmandos, o poder corruptor do PT começou a ser confrontado nas ruas, uma grata surpresa na vida política brasileira. Como por encanto, milhares de estudantes, empregados e desempregados de várias gerações, paralisam as principais vias das grandes capitais, em especial São Paulo e Rio.
O que antes parecia mera passeata para derrubar irrisórios R$ 0,20 no preço das passagens dos coletivos, ampliou-se, graças ao poder virtual da Internet e suas redes sociais, num espantoso movimento de massas, com crescentes atos de protestos, jamais registrados nos anais recentes do País.

Na refrega, a cada manifestação, mesmo com juras mútuas de uma agenda respeitosa, o pau canta sob o estrondo de coquetéis molotov, rojões, pedras, incêndios, tiros, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta. É a guerra!

Interpretações satânicas à parte (em que se diz que o PT age por trás do MPL para triturar os tucanos), no antro do poder o Planalto treme: o que diabo é isso? Lula e Dilma, malandros acuados, se apressam em clamar pelo “diálogo pacífico”. No seu marketing cínico, o ex-presidente, querendo diminuir a dimensão do tsunami, diz que o “assunto é para mesa de negociação com o prefeito Haddad”.

Já os governadores Alckmin e Sérgio Cabral, esquerdistas ineptos, descobriram que os protestos nada têm de “espontâneo”, pois encampam objetivos políticos (sem mencionar que o PCdoB, PSTU, PT e o PSOL, querendo parasitar nas costas do tubarão, foram enxotados das indignadas manifestações).
O cretinóide Arnaldo Jabor, sempre leviano, sem suspeitar que a colossal onda de indignação se espalha pela nação, acusa os manifestantes de pertencerem a desprezível classe média.
Vejam só o ranço stalinista! Ora bolas, quem faz o mundo se mover é a classe média. De resto, o que foram Marx, Lênin e Fidel, a quem tanto o pernóstico escriba do Globo reverenciou, senão abastados filhotes da classe média?

O fato contagiante é que vivemos dias de luminosa percepção, em que milhões de brasileiros se insurgem diante de uma era de fraudes, roubos e mistificação. Neles, o reinado petista, refestelado em mordomias bilionárias, passou a representar para os “jovens radicais” e a população enraivecida o papel de um ente vil, irresponsável e insensível.
  
De minha parte, penso que depois de algum tempo a Chama Insurreta deve fenecer, quem sabe pela força corruptora do governo. Mas fica difícil admitir que a população vá se entregar fácil à sanha dos políticos. Bom teste será a eleição que se aproxima, manipulada a golpes de propaganda, dinheiro grosso e proselitismo ideológico pelos donos do poder, que farão de tudo para manter sob suas garras a galinha dos ovos de ouro.
 
De todo modo, sejamos justos: um forte sobro de vida parece ter acordado o Gigante Adormecido. Já era tempo.
 
PS: Ah, ia esquecendo: nas manifestações de protestos coletivos, que lava a alma nacional, não se vê um só espécime da classe artista, o chamado “beautiful people”. Muito natural: ela está correndo atrás da grana oficial.

21 de junho de 2013

Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor, cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.


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