Só não acho que não hajam latifúndios urbanos. Eles existem sim e aí é onde eles realmente podem ser chamados de latifúndios, pois é da existencia deles que provém toda a pauta reivindicada pelo MPL. E existem em conluio com o Estado.
Ah, os liberais deslumbrados vão ficar chateadinhos? Que pena!
Os ditos “libertários” estão surpresos? Pois é!
Eu, com fama de conservador, de reacionário, não estou.
Mayara
Vivian, a face mais visível do Movimento Passe Livre, e um outro
barbudinho foram ouvidos pelo Jornal Nacional. E agora? Ele respondeu de
imediato: “Agora é o passe livre”.
E
então ela tomou a palavra: “Agora é o passe livre. Quando a gente
apareceu com essa proposta há sete anos, as pessoas diziam: ‘Vocês estão
loucos’”. E anunciou os próximos passos de sua luta, com o punho
medianamente levantado:
“Reforma agrária, reforma urbana, contra o latifúndio agrário, contra o latifúndio urbano”.
Perfeitamente!
O conceito de “latifúndio urbano” deve ser uma categoria teórica recentemente inaugurada no curso de geografia que ela faz.
Ainda
no Jornal Nacional, um trecho de uma nota oficial do Movimento Passe
Livre foi levado ao ar. Respondia a uma afirmação do prefeito Fernando
Haddad, segundo quem a suspensão do aumento prejudicaria investimentos
em áreas essenciais à população, como saúde e educação.
Na
nota, o Passe Livre disse que isso não corresponde à verdade porque
essas verbas são vinculadas, isto é, têm um percentual fixo do
orçamento.
A
resposta do movimento é intelectualmente desonesta, para não variar: a
verba vinculada exclui a possibilidade de investimentos suplementares.
Pegue-se o caso das creches em São Paulo: a cidade não conseguirá zerar o
déficit de vagas se não investir mais do que mínimo obrigatório.
Fico
chateado de ter de desmontar em três linhas a versão fraudulenta dos
fatos do tal Passe Livre. Sei que, no caso, estou dizendo que Fernando
Haddad, por quem não tenho nenhuma simpatia, está dizendo a verdade, e
os heróis do Passe Livre, a mentira.
Pois é… Esse cara sou eu, como disse aquele. Costumo chamar a verdade de “verdade” e a mentira de “mentira”.
Então tá.
Bem,
suponho que, nos próximos tempos, podemos esperar o fechamento de ruas,
a tomada da Paulista, das Marginais, da Ponte Rio-Niterói, sei lá do
quê, em defesa da reforma agrária, da reforma urbana etc. e tal.
Com
as Al Jazeeras dando o maior apoio — DESDE QUE NINGUÉM PEÇA O CONTROLE
SOCIAL DA MÍDIA, CLARO! Mayara Vivian, suponho, em breve, dará as mãos a
João Pedro Stédile.
“Pacificamente”
— advérbio que assume sentido novo nas Al Jazeeras caboclas —, vão,
então, impedir o direito que têm as pessoas de ir e vir, vão causar o
máximo de transtorno possível, para acabar, inclusive, com os
latifúndios urbanos, seja lá que zorra isso queira dizer.
Enquanto
esse movimento pacífico acontece, uma “minoria de baderneiros”, como
diz o Jornal Nacional, vai quebrando tudo, diante de uma maioria que a
tudo observa gritando: “Sem vi-o-lên-ci-a/ sem vi-o-lên-ci-a”.
Ah, sim, a turma do terror continua a mandar brasa em Niterói. Uma minoria, claro!
20 de junho de 2013
Reinaldo Azevedo - Veja Online
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