O dia em que o presidente Figueiredo vetou a Copa no Brasil
28/06/2013 - "Voltas do mundo -
Veja as voltas que o mundo dá: dia 11 de março de 1983 o jornal Zero
Hora publicou a manchete: Governo veta Copa no Brasil. Foi decisão do
presidente, general João Figueiredo, que contrariou pedido da CBF e da
FIFA. Achava ser gasto desnecessário." http://www.senado.gov.br/noticias/senadonamidia/noticia.asp?n=850351&t=1
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Monday, June 24, 2013 5:39 PM - To: "Undisclosed-Recipient:;"
Subject: PALAVRAS DO FILHO DO PRESIDENTE JOAO FIGUEIREDO
----- Original Message ----- From: Paulo Figueiredo
"Célio, de repente hoje eu comecei a receber uma enxurrada de mensagens mencionando esta estória, que está abaixo.
Como você sabe, sou,
evidentemente, talvez o cara mais suspeito para tecer considerações
sobre qualquer matéria que faça juízo de valor a respeito de meu pai,
especialmente em atos do seu governo. Mas sobre este episódio,
especificamente, não posso me furtar a lhe dizer, e com certeza
absoluta, que o que está relatado é totalmente verdadeiro. Até porque,
veja você, calhou de eu estar presente no mencionado encontro. Tinha
acabado de vir do Rio, e fui direto ao Torto ver os meus pais, como eu
sempre fazia assim que chegava em Brasília. Soube que o "Velho" estava
reunido com o Havelange, no gabinete da residência. Como sempre tivemos
com ele uma relação muito cordial, me permiti entrar para cumprimentá-lo
e dar-lhe um abraço.
"- João e João ? Esta reunião
eu tenho que respeitar !", brinquei irreverente, dele recebendo um
carinhoso beijo. (Havelange sempre teve o hábito de beijar os amigos).
Ia, logicamente, me retirar, mas Papai me deixou à vontade:
"- Senta aí, estamos falando de futebol, que é coisa que você adora".
Fui logo sacaneando : "- E ele
já descobriu um jeito de salvar o Fluminense ?" (risos - os dois,
tricolores roxos). "- Ainda não, mas vamos chegar lá. Estamos
conversando sobre Copa do Mundo ..."
E deu-se então o diálogo, do
qual o trecho que está contido no texto fez parte, realmente. O Velho
não concordava que o país despendesse quase 1 bilhão de dólares (valor
abissal para os números daquela época) para tentar satisfazer o caderno
de encargos da FIFA, principalmente diante do quadro de enorme
dificuldade financeira que o Brasil atravessava. Uma situação cambial
dramática, resultante de um aperto histórico na liquidez internacional -
taxa de juros internacionais de 22% a.a, barril de petróleo a 50
dólares no mercado spot - agravada pela necessidade de se dar
continuidade a um importantíssimo conjunto de obras de infraestrutura.
Muitas delas iniciadas, diga-se de passagem, em governos anteriores, mas
que não poderiam ser paralisadas por serem realmente de vital
importância para a continuidade do nosso desenvolvimento.
Para se ter uma idéia:
produzíamos apenas, em 1979 (quando houve o segundo "oil shock") 164.000
barris de petróleo por dia, contra uma demanda de 1,2 milhões. Um forte
investimento nos programas de prospecção e mudança no perfil do refino,
associado à criação e implementação do Proálcool, permitiu que em 1985
se atingisse uma produção de 640.000 barris/dia , fora a triplicação das
reservas cubadas de gás, e ainda tivéssemos grande parte da bacia de
Campos instalada (o que, sem medo de falar bobagem, até hoje garante o
abastecimento do nosso carro ou o óleo diesel do nosso busão.)
Realmente, era contrastante com
o que se fez (ou melhor, o que NÃO se fez) nos governos seguintes :
várias hidrelétricas, começando por Itaipu - até hoje é a segunda maior
do mundo, além de Tucuruí, Balbina, Sobradinho etc., todas com as suas
gigantescas linhas de transmissão; conclusão da expansão de todas as
grandes siderúrgicas (CSN, Usiminas, Cosipa e outras - que fizeram o
Brasil passar de crônico importador para exportador de aço); conclusão
das usinas de Angra 1 e 2; um programa agrícola que permitiu que ainda
hoje estejamos colhendo os frutos da disparada de produção de grãos -
graças à Embrapa, ao programa dos cerrados e ao programa "Plante que o
João garante"; um salto formidável nas telecomunicações, até então
ridículas; multiplicação da malha rodoviária - a mesma, praticamente, na
qual hoje ainda rodamos, só que agora sucateada e abandonada;
inauguração de dois metrôs : Rio e São Paulo; instalação de vários
açudes no sertão nordestino ; e, o que não vejo ninguém da mídia
mencionar (até porque não lhes interessa) : a construção de 2.400.000
casas populares, mais do que toda a história do BNH até então, e muito
mais do que a soma de todos os outros governos (?!) que sucederam.
Isto é apenas o que eu me
lembro agora, ao aqui escrever rapidamente. Em resumo : naquela época, o
dinheiro dos impostos dos brasileiros, simplesmente, destinava-se ao
desenvolvimento do país. Daí não ter havido condições de se fazer a Copa
de 1986.
O mais engraçado foi no dia
seguinte : Delfim era muito ligado ao então presidente da CBF (ou ainda
era CBD ?), Giulitte Coutinho, que, lógico, tinha todo o interesse em
trazer aquela Copa para o Brasil. No despacho, Delfim foi logo
colocando: - "- Presidente, trago aqui os números globais de custo para
fazermos a Copa, blá, blá, vai dar entre uns 300 a 500 milhões de
dólares, blá, blá ..." O Velho, que já havia pedido ao SNI para preparar
um estudo acurado, cortou sumariamente : "- Não é isso não, Delfim,
você está enganado, iria custar isto, mais isto, mais aquilo ... e pode
esquecer porque nós não vamos entrar nesta fria !"
Mas, para concluir, já falando
do presente : o que se está fazendo com o povo brasileiro é simplesmente
criminoso. Só que a roubalheira na construção dos estádios é apenas a
cabeça do iceberg ... Só chamando um Aiatolá para dar jeito, mesmo.
Grande abraço, P Fig
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---------- Mensagem encaminhada ----------
Assunto: Copa, futebol & sem vergonhice…
“O dia em que João Figueiredo mandou Havelange enfiar a Copa onde ele quisesse...!
texto do jornalista Rodrigo Araújo
"O Havelange ofereceu a Copa do Mundo no Brasil e o “delicado” presidente lhe respondeu:
‘Você conhece uma favela do Rio de Janeiro? Você já viu a seca do
nordeste? E você acha que eu vou gastar dinheiro com estádio de
futebol?’ "
(...)
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