Enrico Letta ratifica acordo firmado em 2008 na semana em que Itália admite que mensaleiro fugitivo esta no país
(Max Rossi/Reuters)
Para a deputada brasileira no Parlamento italiano, Renata Bueno,
Pizzolato pode ser o primeiro caso real da aplicação desse acordo
Na mesma semana em que o caso de Pizzolato chegou à cúpula do governo italiano, Letta decidiu desengavetar o tratado que havia sido assinado entre Itália e Brasil em 2008 e que estava parado esperando o aval final do país europeu. Pelo acordo, um italiano condenado no Brasil pode pedir para cumprir sua pena de prisão na Itália. O mesmo poderia ocorrer com um brasileiro preso na Itália e que pediria para cumprir sua pena no Brasil. Mas, cada caso será avaliado individualmente e precisa da autorização de ambos os governos.
O acordo ainda precisa passar pelo Parlamento, mas as regras não permitem que a ratificação do primeiro-ministro receba emendas do Legislativo ou que o texto seja enviado para subcomissões. Para Renata Bueno, deputada de origem brasileira no Parlamento italiano, Pizzolato pode ser o primeiro caso real da aplicação desse acordo. "Vamos estudá-lo", disse.
Ex-diretor do Banco do Brasil, Pizzolato saiu do Brasil clandestinamente para não ter de cumprir sentença de doze anos e sete meses de prisão em regime fechado recebida no julgamento do mensalão.
Até agora, uma das principais questões sobre a fuga de Pizzolato era saber se existia alguma brecha para se falar em extradição, já que ele é um cidadão italiano e, para os italianos, seria uma "pessoa livre". Salvo poucas exceções, a lei italiana não autoriza a extradição de seus nacionais.
O novo acordo foi aprovado pelo conselho de ministros da Itália, que se reuniu na quinta-feira em Roma. Só no sábado, porém, os detalhes do encontro foram revelados. A proposta foi apresentada pela ministra da Justiça, Annamaria Cancellieri, que teria de decidir sobre uma eventual extradição de Pizzolato ao Brasil.
Condições - Se Pizzolato for considerado italiano, fontes no Ministério da Justiça apontam que ele poderia pedir para cumprir sua pena na Itália. O governo brasileiro, contudo, observa que Pizzolato também é brasileiro. Mesmo que fosse apenas italiano, o ex-diretor do BB teria primeiro de cumprir parte da pena no Brasil e, posteriormente, Brasília teria de aceitar a proposta de transferência.
O tratado entre Brasília e Roma foi fechado no dia 27 de março de 2008, com assinatura do então ministro da Justiça Tarso Genro. Mas a ratificação foi freada depois que o Brasil optou por dar asilo político a Cesare Battisti, guerrilheiro condenado na Itália por assassinato.
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