Odebrecht arremata Galeão por R$ 19 bilhões — com ágio de 294%
Por Naiara Infante Bertão, na VEJA.com:
O consórcio Aeroportos do Futuro, liderado pela Odebrecht Transport e pela operadora Changi, de Singapura, deu o maior lance pelo aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, durante o leilão de concessão de aeroportos que ocorreu nesta manhã de sexta-feira na BM&F Bovespa, em São Paulo. A oferta, de 19,018 bilhões de reais, representa um ágio de 294% para o governo, que havia estabelecido um lance mínimo de 4,828 bilhões de reais para o aeroporto fluminense. A oferta também foi amplamente superior à feita pelo segundo colocado, o consórcio Sócrates, liderado pela Carioca Engenharia, que deu lance de 14,5 bilhões de reais pelo empreendimento, com ágio de 200%.
O consórcio Aeroportos do Futuro, liderado pela Odebrecht Transport e pela operadora Changi, de Singapura, deu o maior lance pelo aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, durante o leilão de concessão de aeroportos que ocorreu nesta manhã de sexta-feira na BM&F Bovespa, em São Paulo. A oferta, de 19,018 bilhões de reais, representa um ágio de 294% para o governo, que havia estabelecido um lance mínimo de 4,828 bilhões de reais para o aeroporto fluminense. A oferta também foi amplamente superior à feita pelo segundo colocado, o consórcio Sócrates, liderado pela Carioca Engenharia, que deu lance de 14,5 bilhões de reais pelo empreendimento, com ágio de 200%.
O lance da
Odebrecht por Galeão foi divulgado logo após a abertura dos envelopes,
por volta das 10h (horário de Brasília). Depois que todas as propostas
foram apresentadas, os autores das três melhores ofertas por cada
aeroporto passaram para a etapa de viva voz, em que novos lances
poderiam ser efetuados para, eventualmente, cobrir a maior proposta.
Contudo, nenhum grupo conseguiu superar os 19 bilhões ofertados pela
Odebrecht e o certame terminou sem novos lances. O grupo de engenharia
detém 60% do consórcio vencedor e a Changi, 40%.
No caso do
aeroporto internacional Tancredo Neves (Confins, em Belo Horizonte), a
concorrência foi menor. Logo na abertura dos envelopes, o maior lance
foi o do consórcio Aerobrasil, liderado pela concessionária CCR (do
grupo Camargo Corrêa), com 75% de participação, e pelas operadoras
Flughafen München, em Munique, e a Flughafen Zürich AG, do aeroporto de
Zurique, na Suíça, donas de 1% e 24% do grupo, respectivamente. O
consórcio ofereceu, inicialmente, ágio de 27,7%, com uma oferta de 1,4
bilhão de reais. O lance mínimo determinado pelo governo era de 1,096
bilhão de reais. Na etapa de viva voz, o consórcio Aliança Atlântica,
liderado pela construtora Queiroz Galvão, entrou na disputa e chegou a
ofertar 1,8 bilhão de reais por Confins, mas o lance foi superado pelo
Aerobrasil, da CCR, que encerrou o certame com o oferta de 1,82 bilhão
de reais — ágio de 66%. A soma das duas concessões renderá 20,838
bilhões ao governo — muito além dos valores que muitos ministros
estimavam para o certame, entre 11,4 e 15 bilhões de reais.
Estima-se
que serão necessários investimentos de 5,7 bilhões de reais no aeroporto
fluminense e 3,5 bilhões no mineiro. Segundo a Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), Galeão e Confins representam, juntos, a
movimentação de 14% dos passageiros e 10% da carga no país. A Infraero é
sócia compulsória de todos os consórcios com participação de 49% no
capital. Isso significa que a estatal deverá investir o valor
correspondente a este mesmo porcentual nos aeroportos concedidos.
Esta é a
segunda rodada de leilões de aeroportos no Brasil. Em fevereiro de 2012,
foram licitados os terminais de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e
Brasília (DF), quando o governo arrecadou 24,5 bilhões de reais com as
concessões. Os vencedores foram habilitados, à pedido do Tribunal de
Contas da União (TCU), para disputar Galeão e Confins, mas sua fatia não
poderia ultrapassar 14,99% do consórcio e sem participação no controle.
Entre as empresas que comandaram os consórcios vencedores das
concessões passadas estão Invepar (Guarulhos), Triunfo Participações
(Viracopos) e Engevix (Brasília).
Guarulhos
fica para trás — O valor apresentado pela Odebrecht superou, inclusive, o
lance dado pelo aeroporto de Guarulhos pelo consórcio Invepar – ACSA,
arrematado em fevereiro do ano passado por 16,213 bilhões de reais. À
época, o lance da Invepar, que tem entre seus principais acionistas os
fundos de pensão Petros, Funcef e Previ, também não foi coberto por
nenhum outro consórcio durante a etapa de viva voz. Seu ágio em relação
ao valor mínimo estabelecido pelo governo foi ainda maior que o de
Galeão: 373,5%. Após o fim do leilão, os concorrentes que perderam
argumentaram que o valor ofertado por Guarulhos era muito superior ao
seu potencial de retorno. Especialistas afirmavam, à época, que a soma
dos investimentos e do valor de outorga (em torno de 22,5 bilhões de
reais) seria superior ao potencial de retorno do empreendimento, de
cerca de 17 bilhões de reais. A diferença entre os dois aeroportos é que
o período de concessão de Guarulhos é de 20 anos (podendo ser
prorrogados), enquanto o aeroporto fluminense poderá ser operado pela
Odebrecht por 25 anos.
Novas regras
Uma das novas regras do edital é a exigência de experiência na operação de aeroportos com movimento superior a 22 milhões de passageiros por ano para Galeão e de 12 milhões para Confins. A regra foi estabelecida porque, no ano passado, a presidente Dilma ficou insatisfeita, para dizer o mínimo, com o fato de as grandes operadoras aeroportuárias terem ficado de fora dos consórcios vencedores. Viracopos, visto pela presidente como o de maior potencial do país, será operado pela pequena empresa francesa Égis, cujo maior aeroporto sob gestão era o de Chipre, na Europa.
Uma das novas regras do edital é a exigência de experiência na operação de aeroportos com movimento superior a 22 milhões de passageiros por ano para Galeão e de 12 milhões para Confins. A regra foi estabelecida porque, no ano passado, a presidente Dilma ficou insatisfeita, para dizer o mínimo, com o fato de as grandes operadoras aeroportuárias terem ficado de fora dos consórcios vencedores. Viracopos, visto pela presidente como o de maior potencial do país, será operado pela pequena empresa francesa Égis, cujo maior aeroporto sob gestão era o de Chipre, na Europa.
Concorrentes
Os envelopes contendo as propostas foram entregues à Anac no dia 18 deste mês. Na quinta-feira, a agência informou que nenhuma empresa havia sido desclassificada. Os concorrentes deste certame são grupos que frequentemente estão envolvidos em concessões do governo. Além de CCR e Odebrecht, estavam os consórcios liderados pela Queiroz Galvão (associada à espanhola Ferrovial, operadora de Heathrow, em Londres), a Carioca Engenharia ( com as operadoras Aéroports de Paris e a holandesa Schiphol), e a Ecorodovias (associada à Invepar.
Os envelopes contendo as propostas foram entregues à Anac no dia 18 deste mês. Na quinta-feira, a agência informou que nenhuma empresa havia sido desclassificada. Os concorrentes deste certame são grupos que frequentemente estão envolvidos em concessões do governo. Além de CCR e Odebrecht, estavam os consórcios liderados pela Queiroz Galvão (associada à espanhola Ferrovial, operadora de Heathrow, em Londres), a Carioca Engenharia ( com as operadoras Aéroports de Paris e a holandesa Schiphol), e a Ecorodovias (associada à Invepar.
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