O PANORAMA VISTO DA SERRA

terça-feira, 7 de maio de 2013

PCC-FARC: OUTRO FRACASSO CRIMINOSO DO MARXISMO


farclivromackenzieResenha do livro 'Las FARC, fracaso de un terrorismo', de Eduardo Mackenzie, colunista do MSM.

O capítulo sobre a Colômbia para o Livro negro do comunismo, pouco a pouco se está começando a escrever. A escritura é lenta frente ao Niágara de livros ruins acerca das supostas “lutas” dos marxistas colombianos - e outras correntes revolucionárias - pela democracia e a liberdade. Uma das páginas para o volumoso capítulo do Livro negro foi escrita por Eduardo Mackenzie em seu livro: “Las FARC, fracaso de un terrorismo” (Randon-House-Mondadori-Debate, Bogotá, 2007, 569 páginas).

O analista bogotano submete à crítica a imagem idílica que representa, por exemplo, Medófilo Medina, sobre a fundação do PCC (Partido Comunista Colombiano). Na mesma linha, põe em evidência o trabalho organizacional de vários agentes russos em Bogotá durante os anos 20 do século passado. Um caso foi o de Silvestre Savitsky. Medina o apresenta como um homem modesto que montou uma tinturaria e que em suas horas livres contava histórias sobre a Revolução Russa de 1917. Nada mais distante da realidade. Para Mackenzie, a carta fundacional da mitologia - mentira - da esquerda colombiana é a sangrenta greve das bananeiras de novembro de 1928. Um dos promotores da mesma foi Raúl Eduardo Mahecha, um agente colombiano da Internacional Comunista (ou Komintern) e, ao mesmo tempo, membro fundador da primeira organização subversiva colombiana que teve contatos formais com o Komintern: o Partido Socialista Revolucionário (PSR) de María Cano. As legítimas motivações dos grevistas foram habilmente manipuladas e transformadas em ações violentas por Mahecha. Mackenzie destaca que a greve das bananeiras não foi um ato espontâneo nem pacífico, e revela o papel decisivo dos agentes do Komintern que atuaram como assessores de Mahecha e de Augusto Durán, futuro Secretário Geral do PCC, nessa operação, como Kornfeder (americano), Rabaté (francês), Girón (mexicano) e Lacambra (espanhol).
Um dos capítulos mais apaixonantes, informativos e ilustrativos do livro são os acontecimentos do 9 de abril de 1948: “o Bogotaço”. Mackenzie analisa de maneira profunda a gestação e execução dos transbordamentos criminosos em Bogotá e em outras cidades do país. O exame de tão significativo evento aborda vários aspectos: o começo da Guerra Fria, a relevância da IX Conferência Panamericana em Bogotá, as idas e vindas à capital colombiana de agentes comunistas estrangeiros, o misterioso papel de um jovem aventureiro cubano, Fidel Castro, e o posterior trabalho de encobrimento do PCC, para que a responsabilidade do assassinato do líder liberal e as graves violências não recaíssem sobre os comunistas.
Após o assassinato de Jorge Eliécer Gaitán, as destruições e violências que surgiram em diversos lugares da Colômbia não foram reações espontâneas: houve um planejamento cuidadoso para exacerbar os ânimos das pessoas, com agitadores treinados em organizar sabotagens e distúrbios. A violência se desatou no mesmo momento em que o chefe liberal caía no chão. A intervenção do comunismo internacional na trágica trama do 9 de abril fica totalmente evidenciada nessas páginas. A teoria imposta pelo PCC e seus companheiros de viagem, de que foi a “oligarquia” quem matou Gaitán, não tem o mais mínimo apoio na realidade e repousa, portanto, nas areias movediças da insistente propaganda esquerdista. O enfoque de Mackenzie é novo e englobante. Supera o localismo dos pretendidos “estudos acadêmicos” sobre o 9 de abril.
O autor aborda outro aspecto fundamental sobre o Partido Comunista Colombiano, a criação do seu aparato de terror: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Seu braço armado não foi uma criação para “proteger o povo” dos supostos “ataques” do Estado “fascista” colombiano, nem tampouco teve sua origem no exitoso Plano cívico-militar de meados de maio de 1964 durante a presidência de Guillermo León Valencia. A tomada do poder, da forma que seja, para instalar na Colômbia uma ditadura marxista sob as ordens de Moscou, antes (e do Foro de São Paulo, agora), é um objetivo que o PCC não abandonou. 
Para tal efeito, o PCC, como o exigia o Komintern, começou a conformar seu aparato ilegal, ao lado do legal. Seu esforço e paciência obtiveram os frutos esperados e conseguiram atrair a seu seio vários chefes guerrilheiros liberais. Do mesmo modo também atraiu vários guerrilheiros conservadores. Entre os guerrilheiros liberais doutrinados pelo PCC estava o chefe do bando armado, José William Ángel Aranguren, cognome “Desquite”. Mackenzie assinala um dado capital sobre o temível chefe bandoleiro: “Desquite” era membro do PCC. Antes da chegada de Aranguren às fileiras comunistas, no final dos anos 40 e início dos 50, a rachadura da unidade entre liberais e comunistas chegou a um ponto culminante com a ruptura dos guerrilheiros liberais de seus antigos chefes comunistas. Para as fileiras do PCC se foram Jacobo Prías Alape, cognome “Charronegro”, Pedro Antonio Marín Marín, cognome “Tirofijo”, Óscar Reyes, cognome “Januario Valero”, Jaime Guaraca, cognome “Chucho” e Marco Antonio Guaraca, cognome “Cariño”, entre outros. Esse foi o germe das FARC: o recrutamento de antigos guerrilheiros liberais que involuíram para o comunismo e a cooptação de diversos chefes bandoleiros que provinham do liberalismo, do conservadorismo e de seitas terroristas marxistas como o FUAR e o MOEC. A esteira de sangue e terror marxista cresceu naqueles anos 40 e continuou até nossos dias. Neste ponto é importante sublinhar a afirmação que fizera um dos membros do PCC e chefe histórico das FARC, Jaime Alberto Morantes Jaimes, cognome “Jacobo Arenas”: as FARC são um partido. Quer dizer, as FARC fazem parte do PCC.
Para dar consistência à sua análise, Mackenzie faz um excelente trajeto acerca da fórmula leninista da “combinação de todas as formas de luta de massas” no âmbito do comunismo colombiano. Esclarece pertinentemente que ela não foi uma criação ou uma “contribuição doutrinal” ou teórico de Gilberto Vieira White, secretário histórico do PCC. Lenin havia começado a trabalhar a tese da “combinação” desde 1906 (ver seu artigo A guerra de guerrilhas), até julho de 1916. Em seu folheto, Esquerdismo, doença infantil do comunismo, Lenin explica que, para os bolcheviques, o legal se combina com o ilegal, se enaltece o ódio como sentimento revolucionário e se ordena esconder a verdade. Os chamados ao terror, à violência, ao extermínio, povoam as páginas dos livros do líder soviético. Isso não foi um desvio do marxismo, ao contrário: provém dos postulados de Marx no Manifesto Comunista. O analista político Jean François Revel, em seu ensaio A grande parada, cita a obra de George Watson, Os escritos esquecidos dos socialistas, onde demonstra como o genocídio, a limpeza étnica, a matança em massa, é uma teoria própria do socialismo e como isso havia sido exigido por Karl Marx e Frederich Engels, pais do chamado socialismo “científico”, em seus textos de 1849.
Ao longo do livro de Mackenzie nos damos conta de que o PCC não teve que esperar até 1961 para adotar a sentença leninista da “combinação de todas as formas de luta de massas”, senão que tal “combinação” começou desde o momento mesmo em que os comunistas colombianos começaram sua tarefa para derrubar a democracia, para instaurar um regime ditatorial. Isto vale para outras seitas, como os trotskistas e maoístas. É útil saber que o trabalho ilegal de todo comunista não consiste só em disparar um fuzil. A infiltração em sindicatos, no ramo judiciário, no Exército e nas Universidades privadas e públicas, é parte importante do trabalho ilegal.
O autor bogotano examina as origens dos outros bandos terroristas marxistas como o ELN, o EPL e o M-19, e descreve os rios de sangue que eles provocaram. Um caso disso foi o seqüestro, tortura e posterior assassinato, por parte do M-19, de José Raquel Mercado, presidente da central sindical operária, CTC. Grande parte dos quadros desses aparatos criminosos provinham do PCC. No caso do M-19, vários de seus integrantes militavam também na ANAPO.
A chegada da teologia da libertação aos círculos revolucionários tampouco escapa da lente meticulosa de Eduardo Mackenzie. Na Colômbia, os assaltos contra o Evangelho foram impulsionados e auspiciados pelo PCC desde o município cundinamarquês (estado de Cundinamarca) de Viotá. Para ter uma compreensão melhor do funesto alcance da teologia da libertação, o autor, acertadamente, avalia a perspectiva internacional. Esta é importantíssima na hora de examinar os estragos a que foi submetida a Igreja Católica por causa dessa falsa teologia. A utilidade política da manipulação dos segredos católicos, tanto laicos quanto eclesiais, foi formulada por Fidel Castro em 1971 durante uma viagem ao Chile. Lá, o ditador comunista lança a instrução de “uma aliança estratégica entre os marxistas, a esquerda em geral e os cristãos”. Pouco a pouco o salpicão ideológico será servido, e sacerdotes e religiosos trocarão ou não seus hábitos para se lançar na aventura de construir o socialismo, e assim escapar do “capitalismo selvagem”.
O livro de Eduardo Mackenzie está muito bem documentado. Ao longo de suas 569 páginas, o autor nos submerge não só em uma história do PCC, senão na história da Colômbia dos últimos 90 anos: a rivalidade entre comunistas e gaitanistas (seguidores de Gaitán), a Frente Nacional, a conformação da União Nacional de Oposição (UNO) de obediência comunista, os “diálogos” e “processo de paz” falidos entre o ex-presidente Belisario Betancur Cuartas (1982-1986) e os diversos grupos terroristas marxistas, até chegar aos nefastos “diálogos” do Caguán durante a presidência de Andrés Pastrana Arango (1998-2002).
Se desejamos que a democracia liberal na Colômbia não seja derrubada pelas facções anti-democráticas minoritárias que tratam de impor, de maneira sorrateira ou aberta, a transgressão dos valores sobre os quais repousam nossas liberdades, faz-se necessário fortalecer e aprofundar a batalha cultural e intelectual. Não deixa de ser sintomático que, à parte do livro de Mackenzie, o anterior publicado sobre a violência marxista na Colômbia - se há outro(s) por favor dêem-no a conhecer - foi no ano de 1963. Trata-se do suspeitosamente esquecido livro

Um aspecto da violência
de Alonso Moncada. Essa obra só teve uma edição. Por que o revelador livro de Moncada não teve mais edições? O escrito por Eduardo Mackenzie foi lançado em novembro de 2007. Quer dizer, tivemos que esperar 44 anos para que outro livro denunciasse contundentemente o assalto a que está submetida a democracia colombiana há mais de 70 anos. Não obstante, a batalha cultural para defender a democracia na Colômbia do assédio dos marxistas e de seus idiotas úteis, teve brotos significativos. É o caso recente do portal Periodismo sin Fronteras do jornalista bogotano Ricardo Puentes Melo. Não desanimemos pois. A batalha das idéias é necessária e existe. Livros como o de Eduardo Mackenzie nos impulsionam a seguir por essa vertente muito pouco explorada até agora.

 

Tradução: Graça Salgueiro

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