E, como bem sabemos, por trás disso está sempre o binômio bastante conhecido de todos nós, que é formado pelo poder público em conluio com o grande capital especulativo, que tudo vê, tudo sabe e tudo pode fazer em nome sempre de privilegiar a tão decantada "Comunidade".
Apenas como uma referencia simples vejamos o comportamento urbano das cidades americanas com suas casas em grande maioria e os nossos condominios residenciais verticais cada vez "mais prósperos"!
j.a.mellow
por Marcio Rachkorsky na Folha de São Paulo
As vagas de garagem se transformaram em motivo de reclamação e
desavenças nos condomínios. Antigamente, elas eram de bom tamanho, em
número reduzido e até ficavam ociosas.
Hoje, costumam ser pequenas, presas, duplas, mal distribuídas e, ainda
sim, valem ouro. Já os carros são cada vez maiores e um para cada membro
da família.
Outro dia, fizemos um exercício em um condomínio novo em São Paulo: paramos doze carros de pequeno e médio porte, lado a lado, dentro das faixas de demarcação. Teve motorista saindo pelo porta-malas ou danificando o carro do vizinho para sair pela porta.
Fica evidente que as normas da prefeitura devem ser revisadas para termos vagas minimamente usáveis. Enquanto isso não ocorre, é importante conceituá-las:
1. Vaga autônoma: tem escritura e matrícula individual. É uma propriedade imobiliária autônoma, com incidência de IPTU e despesa de condomínio. Pode ser negociada separadamente do apartamento.
2. Vaga determinada: não é uma propriedade autônoma, mas sua localização é fixa, conforme contrato de compra e venda. O proprietário do apartamento tem o direito de uso sobre o espaço, de forma definitiva. As despesas de IPTU e condomínio já estão inseridas no imóvel, através de fração ideal. Não podem ser vendidas separadamente.
3. Vaga indeterminada: seu uso se dá mediante sorteio, que deve ser periódico (um a dois anos). É o tipo mais usual de vaga, em que o morador tem apenas o direito de usar o número de vagas atreladas ao apartamento, não havendo qualquer determinação quanto ao local. As despesas com IPTU e condomínio são calculadas conforme a fração ideal. Alguns condomínios optam por manobristas, um serviço de alto custo, porém muito prático e cômodo.
Identificar a natureza da vaga (para ver se atende às necessidades) é um exercício importante na compra de um imóvel. Com o objetivo de preservar a segurança dos condôminos e, acima de tudo atender a finalidade social da propriedade, uma lei de 2012 proíbe a venda ou a locação para terceiros que não residam no condomínio. E uma última dica: antes de trocar de carro, verifique as dimensões da sua vaga.
Márcio Rachkorsky é advogado, especialista em condomínios.
Atua como comentarista na TV Globo, onde apresenta o quadro "Meu
Condomínio Tem Solução", e na Rádio CBN, onde apresenta o boletim
"Condomínio Legal". É presidente da Assosindicos (Associação dos
Síndicos do Estado de São Paulo) e membro da Comissão de Direito
Urbanístico da OAB-SP. Escreve aos domingos, a cada duas semanas, no
caderno 'Imóveis'.
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