O PANORAMA VISTO DA SERRA

sábado, 21 de setembro de 2013

IMAGENS EM MOVIMENTO: O PASSADO SOBREVIVEU NUM ROLO DE FILME 16 MM


Augusto Nunes no Feira Livre
 

SYLVIO ROCHA
“Prezados amigos,
Há cerca de 10 anos, um grande amigo meu encontrou na fazenda da família, no interior de São Paulo, vários rolos de filmes – 16mm – com passagens pelo interior de São Paulo, Paris, Argentina e Rio de Janeiro.
Falou-me, na ocasião do achado, contando-me das cenas do Rio de Janeiro. Poucos meses depois, mandou fazer a conversão da película de 16 mm para DVD e me presenteou com uma cópia.
Durante alguns anos, fiquei apreciando aquela preciosidade, depois guardada e quase esquecida.
Hoje, buscando algumas imagens do Rio de Janeiro no meu velho Zip-Drive – hoje fora de moda – encontrei uma pasta com a denominação: Vídeos do Rio de Janeiro – 1928.
Pulei na frente da tela do computador quando começou a projetar o filme. São horas de projeção.
Assim, sabendo serem imagens totalmente inéditas, isolei da película cerca de 1 minuto e 35 segundos da Praia de Copacabana, em 1928.
Pedirei ao velho amigo e colecionador para que eu possa habilitar o filme, porém, aos poucos, penso em colocar passagens do filme de Copacabana que tem para mais de 30 minutos.
Bon Voyage, Cau Barata”
Esse texto apresenta um dos dez filmes de aproximadamente 2 minutos que o historiador Cau Barata divulgou em sua página no YouTube. O material é um dos mais antigos e bem conservados registros em vídeo do Rio da primeira metade do século XX. Neles, um grupo de paulistas se diverte na praia em 1928, joga peteca, dança ─ e filma tudo isso com duas câmeras de 16 mm.

Entre várias imagens curiosas, aparecem o morro ao lado do Copacabana Palace que seria destruído para a construção da piscina do hotel, o Cristo Redentor ainda em obras e a passagem para a praia para o Arpoador. Os arranha-céus não existiam e, pela quantidade de mata original e pelo figurino dos personagens, pode-se imaginar um clima mais ameno que o atual.
Os arquivos pessoais (ou filmes amadores) ainda não foram devidamente mapeados no Brasil. Não existem projetos específicos para impedir que esse material desapareça. A Cinemateca Brasileira (santuário da nossa história fílmica) recebe doações, mas os filmes não são facilmente acessados pelo público.
Essas imagens eternizadas em acervos familiares são essenciais para a reconstituição da história de um país – frequentemente, são os únicos registros em movimento do passado. Tomara que os governos aprendam a tratar com carinho essas preciosidades. E tomara que Cau Barata compartilhe não só trechos tão curtos, mas o filme completo. Até lá, boa viagem ao velho Rio.

                                                     


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