Na
expectativa do voto que irá desempatar a decisão final no julgamento do
mensalão, senadores oposicionistas usaram a tribuna do plenário nesta
sexta-feira para pedir ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Celso de Mello, a votar contra o recebimento dos embargos infringentes,
na próxima quarta-feira. Para esses parlamentares, um novo julgamento
poderia desmoralizar o Supremo. Senadores do PT, partido de alguns dos
condenados no caso, não se manifestaram sobre o assunto.
O
senador Pedro Taques (PDT-MT), que é ex-procurador, alertou para a
possibilidade do mensalão se tornar um julgamento “infinito”. Taques
defende que o caso tem de ser encerrado já para que não se prolongue de
forma indefinida já que, em alguns anos, outros ministros da Corte irão
se aposentar, dando lugar a novos representantes, que poderão querer
também dar um entendimento diferente da composição que os antecedeu.
— Se o
Supremo permitir a existência dos embargos infringentes, nós teremos o
julgamento recomeçado. Será sorteado um novo relator, um novo revisor,
nós teremos outras sessões no Supremo Tribunal Federal. Quem sabe, em
2015, o Celso de Mello já se aposentou junto com o Marco Aurélio, porque
a aposentadoria dos dois já se avizinha. Aí nós teremos novos ministros
indicados para o Supremo. O julgamento não termina. A imagem tende ao
infinito. E o direito precisa ser encerrado, alguém precisa errar por
último. Daí a existência de tribunais superiores — pontuou Taques.
Para o
senador Pedro Simon (PMDB-RS), considerado um parlamentar independente,
Celso de Mello poderia se arrepender de sua decisão caso opte pelo
reinício do julgamento. Simon recorda que o mundo político pode sofrer
as consequências de uma decisão favorável aos condenados, principalmente
nas eleições de 2014.
— Será,
ministro Celso de Mello, que, depois do seu voto, nós vamos ter que
esperar 50 anos para o senhor pedir desculpa? “Mas eu não imaginava!”
Imagina as consequências do seu voto! Imagina o banho, a catarata de
água que cairá em cima da gente, o desânimo, o ridículo que vai ser o
ano que vem, um ano eleitoral! A nação não pode esperar, nesta hora e
neste momento — disse Simon.
O
presidente do DEM, senador José Agripino (RN), afirma que, o que está em
jogo é a impunidade para os poderosos. O senador alega que, caso a
população fique frustrada com uma reviravolta no caso, que revertam as
condenações, as manifestações como cenas de vandalismo poderão ser
reforçadas.
— Neste
momento, o que está em jogo é a credibilidade de uma instituição
chamada Justiça. O que está na boca do povo é: "Este Brasil pune ou não o
poderoso?” O que vai ocorrer na quarta-feira é a resposta a essa
questão na sociedade. É o respeito por um sentimento sedimentado da
sociedade. O julgamento já aconteceu, as penas foram aplicadas. Se os
novatos votaram como votaram, e os veteranos votaram como votaram, a
sociedade espera que poderoso vá para a cadeia. Trata-se de uma resposta
que todos nós servidores públicos temos que dar à sociedade brasileira,
a não ser que se queira a multiplicação dos movimentos de rua, que
agasalham os baderneiros, que são o lado enviesado disso tudo — disse
Agripino. Do site do jornal O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário