Publicado no Ucho.Info
Fim
de linha – É irresponsabilidade imaginar que apenas uma série de
protestos é suficiente para mudar o status quo que levou o Brasil à
crise que desfila com insistência na passarela do cotidiano. Quando
milhares de manifestantes ocuparam muitas cidades brasileiras exigindo o
fim da corrupção, entre outras reivindicações importantes, muitos foram
os que apoiaram os protestos, começando por empresários que, pelo menos
em tese, não mais suportam o caos que se instalou no País.
A degradação do Estado, que cresce a cada dia, decorre de uma
sequência de desmandos e casos de corrupção, que como tumores consomem a
dignidade do cidadão. Entre apoiar os protestos apenas no discurso e
largar a rapadura há uma grande distância. E é exatamente isso que parte
dos empresários que se encantaram com a nova geração de “caras
pintadas” tem feito. Ou seja, continua mantendo, com antes, as relações
canhestras com execráveis figuras da política nacional.
Um exemplo de figura execrável é o senador José Sarney
(PMDB-AP), que há mais de cinco décadas governa o Maranhão com
despotismo nauseante. Sempre adulado por pessoas interessadas na
proximidade com o poder, Sarney entrou para história pela porta do fundo
e como responsável por transformar o Maranhão no estado brasileiro mais
miserável. Somente isso seria suficiente para que esse caudilho
tropical vivesse em completa solidão, mas há pessoas irresponsáveis que
por vaidade burra incensam o político que tem garantido a permanência do
PT no poder. O que, por questões óbvias, custa muito ao contribuinte,
pois na política não se serve almoço de graça.
Para reforçar a nossa tese de que é míope e criminosa a adoração que
se dá em torno da figura decrépita de José Sarney, nesta sexta-feira
(26) é grande o número de empresários que se dirigem a São Luís, capital
maranhense, onde no sábado acontece o casamento da filha de Fernando
Sarney, filho do caudilho local e alvo da operação Boi Barrica, da
Polícia Federal, cujos detalhes o pai conseguiu que a Justiça impedisse a
divulgação, consolidando o mais escandaloso ato de censura dos tempos
modernos e que teve como vítima o jornal “O Estado de S. Paulo”.
Para quem não se recorda da “Boi Barrica” (rebatizada como Faktor), a
operação da PF indiciou Fernando Sarney por formação de quadrilha,
gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e
falsidade ideológica. Fernando foi acusado de fazer caixa dois na
campanha da irmã Roseana na disputa pelo governo do Maranhão, em 2006.
Antes das eleições, o filho “globetrotter” de José Sarney sacou R$ 2
milhões em dinheiro vivo.
É para adorar esse tipo de gente é que muitos empresários estão
cruzando o céu do Brasil, tendo com destino a festa de casamento de uma
integrante do clã que diuturnamente destrói o Maranhão, reduto de um
povo bravo e que resiste à longeva onda de desmandos.
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