Publicado em Veja Online
O ministro da Educação
foi ao vice-presidente da República para propor um plano insólito:
convencer Dilma Rousseff a demitir o ministro da Fazenda
Robson Bonin
Em encontro com o vice-presidente Michel Temer, Mercadante
(à dir.) propôs plano para forçar a demissão do colega de partido e
ministério Guido Mantega (à esq.)
(Mauricio Camargo/Folhapress e Jorge William Ag. Globo)
A meteórica queda de popularidade
dos governantes não foi a única consequência imediata dos protestos que
tomaram as ruas do país há pouco mais de um mês. Eles também
desestabilizaram governos e alianças políticas que se mantinham unidos
diante da perspectiva -- cada vez mais incerta -- de vitória nas
eleições de 2014. Na semana passada, um graduado auxiliar da presidente
Dilma Rousseff fez o seguinte diagnóstico: “O clima no governo nunca
esteve tão ruim. É um clima de barata voa, muito fogo amigo, ministro
atacando ministro, uma situação caótica. Está todo mundo brigando com
todo mundo, falando mal de todo mundo”. O melhor exemplo dessa atmosfera
de desentendimento ocorreu na quinta-feira 18, numa reunião entre o
vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante (PT). Era para ser uma agenda de rotina,
mas a conversa trilhou o caminho de uma insólita conspiração que teve
como alvo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já devidamente acossado
por políticos, empresários e sindicatos devido ao desempenho pífio da
economia brasileira.
Com a autoridade de quem desfila
pelos gabinetes de Brasília como uma espécie de primeiro-ministro
informal de Dilma, e de quem foi conselheiro econômico do ex-presidente
Lula, Mercadante propôs o plano para forçar a demissão de Mantega. A
estratégia teria de ser posta em prática logo, para que as mudanças
ocorressem em setembro. O alvo e o argumento do petista foram escolhidos
a dedo. O péssimo desempenho da economia é uma das explicações para a
queda vertiginosa de popularidade de Dilma. Nesse contexto, mudar o
comando da equipe econômica seria fundamental para que a aliança PT-PMDB
tenha chance de vencer a próxima sucessão presidencial.
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