Postagem no Coronel Leaks
Entidades que representam os médicos se preparam para travar
uma guerra contra o governo por causa do programa Mais Médicos, após
decisões que eles classificam como “autoritárias” e que atropelaram os
debates com a classe. Elas anunciaram, nesta sexta-feira, que deixam de
participar das comissões e grupos de trabalho do governo que fazem
parte. Além disso, as entidades estão preparando ações judiciais
questionando o Mais Médicos.
A Federação Nacional dos Médicos
(Fenam), o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica
Brasileira (AMB) e a Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR)
justificam que decidiram sair dos grupos após o governo agir de forma
“unilateral e autoritária”. Eles afirmam que suas propostas foram
tratadas com indiferença nos conselhos e grupos. — Vamos ter uma
batalha jurídica com eles, grande. Vamos exigir que as leis sejam
seguidas à risca – afirmou o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira.
A
saída dos grupos de discussão no Ministério da Saúde, na Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e no Conselho Nacional de Saúde
(CNS) foi decidida, segundo Ferreira, porque não fazia mais sentido
continuar debatendo assuntos da área se o governo tomou decisões sem
ouvir os envolvidos— Entendemos que o governo atropelou. A
comissão (sobre provimento de médicos em áreas de difícil acesso) estava
reunida desde o dia 18 de junho. O governo não deu nem bolas. Nosso
entendimento é que a comissão perdeu a lógica – disse Ferreira.
— O governo demorou
muito para dizer qual era a proposta de debate. A medida que o governo
apresentou, teve apoio dos movimentos sociais, e esclarecemos que a
questão não é só de emergência. Acho que eles (CFM e Fenam) perderam o
argumento. E se isolam do debate — avalia.
O
presidente da Fenam ainda afirmou que a entidade deixa os assentos que
tinha no CNS por entender que o órgão serve a interesses do governo. —
É um gesto político. Estamos mostrando que estamos insatisfeitos. O
conselho deve ser técnico e não pode ser aparelhado politicamente para
defender lógicas de governo ou de partido — afirmou.
Entre as medidas que
as entidades médicas pretendem tomar na Justiça contra o Mais Médicos,
Ferreira anunciou que eles darão entrada em uma ação civil pública
pedindo suspensão da medida provisória (MP) que cria o programa. Outra
ação, no Supremo Tribunal Federal (STF), está sendo preparada e deve ser
entregue em 15 dias. Ferreira ainda afirma que a Fenam está instruindo
os sindicatos nos estados que entrem com pedidos na justiça trabalhista
pelo pagamento de direitos para os médicos que assumirem vagas pelo
programa.
A Fenam nega que sindicatos ou entidades ligadas a ele tenham sugerido boicotes às inscrições do Mais Médicos.
Segundo Ferreira, as entidades que representam dos médicos estão “se
preparando para uma guerra” com o governo também no ambiente virtual. —
Comprovamos que não houve por parte de nenhum sindicato (sugestão de
boicote) — disse. — É uma comunicação de guerra. Vamos enfrentar uma
guerra. O governo está preparado, tem estrutura, tem seus blogueiros.
Vamos enfrentar esses embate.
Questionado sobre o número de
inscritos – que segundo o Ministério da Saúde já chega a 11,7 mil pré
inscritos – Ferreira afirma que esse total pode não se concretizar, pois
muitos profissionais podem mudar de ideia e declinar caso sejam
chamados, após verem as condições do trabalho e de pagamento, que não
incluem benefícios como 13º salário. Ele ainda criticou as medidas que o
governo anunciou para médicos que se inscreverem e depois recusarem
participar do programa.— O governo está se aperfeiçoando no
autoritarismo. Você quer atrair profissionais e cria punições, isso é
autoritarismo.
A
entidade também anunciou que fará greves e protestos. No dia 23 estão
programadas greve e manifestações em todo o país. Nos dias 30 e 31,
serão feitas novas greves, e no dia 31 acontecem as assembleias
estaduais. Em agosto, No dia 8 acontece audiência pública no Congresso.
No dia 8, 9 e 10 acontece o Encontro Nacional das Entidades Médicas
(Enem) (O Globo)
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