Por Paulo Roberto Gotaç
"Não tenho câncer, não quero ter câncer, não
vou ter câncer e não gosto de quem tem câncer”. Declaração do ex-presidente
Lula, por ocasião do seu mais recente esguicho oratório, após um longo período
de silêncio, quebrado de modo parcial, não vocal, por postagem de
conteúdo branco - genérico - no blog do NYT e por declarações veiculadas
por assessores fugazes, de segunda mão.
A última parte da sentença, "...não gosto de
quem tem câncer", mesmo em tom de brincadeira, talvez constitua uma
sucção, com descarga catártica na outra extremidade, para a qual Lula não
estava prevenido, de material psicanalítico que se depositava estático num dos
recantos de seu inconsciente.
Na realidade, tal manifestação pode ser
interpretada pelo fato de que Lula verdadeiramente não gosta de quem
tem câncer, tendo em vista que uma considerável percentagem da população,
sem acesso a um tratamento digno pelo SUS, faz lembrar o completo abandono
e sucateamento do sistema de saúde, politizado e hoje tachado de quase
genocida, verificado ao longo da era PT, a maior parte preenchida por seu
governo, do qual o atual, que também atende pela alcunha de "poste",
é um prolongamento, O quadro fica acentuado quando se compara com o
tratamento VIP da sua própria enfermidade, num dos Hospitais de ponta do
país.
Os "canalhas" que, conforme suas próprias
palavras, foram responsáveis pela divulgação de possível recidiva, sem
fundamento, segundo ele, do seu tumor, têm todo o direito de, diante dessa
visão psicanalista amadora, com boa probabilidade de ser consistente, se
perguntarem: afinal, quem são e onde estão os verdadeiros canalhas, nós ou o
grupo que desde 2003 derrama canalhices no atacado pelo país inundando-o de
corrupção, mentiras, populismo barato, manobras para manter o poder a qualquer
custo e desperdício, simbolizado, por exemplo, pela implantação de 39
ministérios somente para manter domesticados os aliados?
Por que o governo não aproveita a chegada
de Francisco, entra em estado de contrição e, num ato surpreendente como
são alguns do Santo Padre, se confessa?
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-mar-e-guerra – reformado.
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