publicado por M.Américo
“Esgoto
não é magnífico na sua aparência; esgoto tem de ser tratado, coletado, e
tem que se traduzir em projetos técnicos de qualidade.”
Dita em
dilmês castiço, a frase da presidente foi aplaudida por centenas de
prefeitos que se aglomeravam no Palácio do Planalto, quinta-feira, 24,
durante o anúncio de R$ 13,5 bilhões do PAC para saneamento e
pavimentação.
A 45
quilômetros dali, os 170 mil moradores de Águas Lindas de Goiás ainda
esperam pelos R$ 113 milhões prometidos para coletar e tratar o esgoto
da cidade. Se já deixou o papel, o dinheiro festejado em maio deste ano
foi parar em outros subterrâneos.
Mais um
anúncio sem lastro. Isso tem sido uma constante nos governos Lula-Dilma,
useiros e vezeiros em alardear o que não se concretiza. Para Dilma –
assim como foi para Lula –, o que interessa é usufruir da publicidade. O
depois não importa. É futuro pós-eleição. A conta do diabo.
Quem dá as
cartas, inventa, cria e recria os programas de governo é o marketing.
Foi assim desde o primeiro dia de Lula. Ali, a mágica era o Fome Zero,
saído da varinha de condão de Duda Mendonça. Para eleger a sucessora
vieram o PAC e o filhote PAC 2, ambos sem perspectivas de conclusão até o
fim do governo Dilma.
Ou seja,
prometer e não fazer, lançar e nem mesmo começar, anunciar e não liberar
os recursos não é um comportamento apenas eleitoral, é um estilo de
governar.
Cacareja-se o ovo que a galinha não botou.
E isso é
algo que custa caro. A polêmica e grandiosa obra de transposição do Rio
São Francisco que o diga. Quase parada - deveria estar pronta no final
do governo Lula ao custo de R$ 4,6 bilhões -, já alcança R$ 8,18 bilhões
e não será entregue antes de 2015.
Destino
igual têm moradias recém-inauguradas do Minha Casa Minha Vida,
inauguradas sem luz, água e esgoto, e as seis (ou oito) mil creches
prometidas por Dilma, a maior parte delas puro gogó.
Tem sempre sido assim.
O primeiro
barril do Campo de Libra só deve sair das águas profundas em 2020.
Produção, se tudo der certo, só em 2022 ou 2023. Mas o incerto lucro
futuro foi estrelado em rede de rádio e TV pela presidente Dilma, ainda
que não se saiba o preço do óleo negro daqui a 10 anos, muito menos a
quantidade de produção. Até lá, a Petrobrás vai continuar gastando o que
não tem, ostentando o primeiro lugar entre as maiores devedoras do
mundo.
Um contraste
e tanto com as cenas de Lula e as mãos sujas de petróleo para comemorar
a autossuficiência brasileira, que, na época, fizeram parecer crível.
Deve ser por
essas e outras que os marqueteiros insistem em desafiar as pernas
curtas da mentira. Talvez se esqueçam de que mais cedo ou mais tarde o
dito prevaleça. Afinal, não é à toa que ele se tornou popular.
28 de outubro de 2013
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília.
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