Os cientistas que teorizaram o bóson de Higgs, a partícula elementar que confere massa a outras partículas, são os vencedores do Prêmio Nobel de Física deste ano. O escocês Peter Higgs e o belga François Englert dividirão o total de US$ 1,25 milhão concedido pela honraria.
Apelidado de "partícula de Deus", o bóson de Higgs teve sua existência confirmada em julho do ano passado por experimentos no LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, na fronteira da Suíça com a França.
A descoberta era o que faltava para completar o Modelo Padrão, a teoria física que descreve quais são as partículas elementares que compõem a matéria e a energia, o por meio de quais forças elas interagem.
O bóson de Higgs normalmente não é detectável em sua forma de partícula. Ele é responsável pela criação de um "campo" que permeia todo o espaço. As partículas que possuem mais massa são aquelas que mais interagem com esse campo.
Físicos encontram provável 'partícula de Deus'
O escocês Peter Higgs (à dir.) e seu colega belga, e também
físico, François Englert, que contribuiu para a teoria do bóson Leia
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O efeito dessa interação é que passa a ser necessário usar mais energia para mover uma partícula maciça. Uma analogia comumente usada é que o bóson de Higgs torna o espaço mais viscoso para um objeto com muita massa, e sua movimentação é mais trabalhosa, como se fosse um nadador fosse tirado da água e colocado para nadar na lama.
Os fundamentos dessa teoria foram lançados na década de 1960. A tentativa de Englert era a de usar o conceito de campos -como o campo elétrico e o magnético- para descrever também a maneira com que as partículas adquirem massa. Assim como a força eletromagnética é explicada pela interação com os fótons (partícula da luz), a massa seria explicada pela interação das partículas com uma outra partícula e outro campo.
Englert lançou essa ideia, mas Higgs foi o primeiro a falar sobre propriedades dessa partícula, por isso o bóson acabou ganhando seu nome. A diferença entre o campo de Higgs e um campo elétrico é que o primeiro não está circunscrito a um determinado espaço, mas permeia todo o Universo -é um campos escalar, na linguagem dos físicos.
A indicação para o Nobel, neste caso, foi um tanto quanto complicada porque o Englert e Higgs não foram os únicos participarem da descoberta. Robert Brout, morto em 2011, também deu contribuições fundamentais a teoria. E uma segunda geração de físicos -os americanos Dick Hagen e Gerry Guralnik e o britânico Tom Kibble- também tiveram contribuições importantes. A academia da Fundação Nobel que concede o prêmio atrasou o anúncio em mais de uma hora pois a comissão que escolhe os nomes ainda estava reunida ontem de manhã em Estocolmo.
Editoria de arte/folhapress | ||
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