do Coronel Leaks
"Socialismo do Século 21": Venezuela quebra e brasileiros pagam a conta.
Depois de dar um calote oficial de U$ 5 bilhões na refinaria
Abreu e Lima, deixando a Petrobras sozinha no empreendimento, o calote
da Venezuela nas empresas brasileiras era mais do que anunciado. É o
socialismo do Século XXI do PT, do Lula e da Dilma: o país vizinho
quebra por gestão populista e eleitoreira e quem paga a conta são os
brasileiros. A dívida da Venezuela, é claro, será embutida nos preços de
quem levou o golpe. Uma vergonha. A matéria abaixo é da Folha de São
Paulo.
Depois de estimular negócios com a Venezuela, o governo do Brasil agora
cobra do país vizinho "calotes temporários" de exportações de empresas
brasileiras feitas neste ano. Em alguns casos, o atraso nos pagamentos
de produtos vendidos ao mercado venezuelano, que vive um momento de
escassez, chega a quatro meses. A situação já preocupa os empresários
brasileiros, especialmente os que começaram a negociar mais recentemente
com a Venezuela, e levou o governo a enviar uma missão ao país para
tentar solucionar o problema.
Na segunda-feira passada, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento)
e o assessor especial da presidente para assuntos internacionais, Marco
Aurélio Garcia, viajaram a Caracas para conversar com autoridades
venezuelanas sobre os atrasos, segundo apurou a Folha.
Oficialmente, a missão brasileira teve como objetivo reforçar a
disposição brasileira de ajudar o parceiro comercial a superar sua crise
de abastecimento, mas os pagamentos atrasados foram um dos temas
principais.
Nesta semana, a Venezuela informou que terá de importar 400 mil
toneladas de alimentos de países latino-americanos em novembro e
dezembro, sendo que 80 mil toneladas de carne e grãos virão do Brasil. O
calote temporário está sendo provocado principalmente pela crise
econômica na Venezuela, que faz o governo local exercer forte controle
sobre a saída de dólares, o que tem atrasado o pagamento de suas
importações.
O total dos pagamentos em atraso não é revelado, mas o montante em jogo é
significativo: o Brasil exportou para a Venezuela US$ 3,1 bilhões até
setembro. Segundo um empresário ouvido reservadamente, o maior problema
está na exportação de alimentos, setor que recebeu estímulo do governo
brasileiro para aumentar as vendas à Venezuela diante do quadro de
escassez.
A Folha apurou que os atrasos no pagamento de exportações de
carnes bovinas e de frango estão na casa de quatro meses. Até setembro,
as vendas destes produtos à Venezuela somaram US$ 737 milhões. A BR
Foods e a JBS são algumas das empresas que exportam para lá. Há um
histórico de atrasos. Eles, entretanto, nunca foram tão grandes. O
problema começou com o setor de construção pesada.
Neste ano, representantes das empreiteiras reclamaram às autoridades
venezuelanas e os pagamentos, que estavam suspensos, foram parcialmente
retomados. A Odebrecht, que possui obras importantes no país, como as do
metrô de Caracas, já enfrentou problemas no passado recente.
A relação Brasil/Venezuela ganhou impulso no governo de Luiz Inácio Lula
da Silva e seguiu no mesmo ritmo no de Dilma Rousseff, estimulando
parcerias e defendendo politicamente a administração de Hugo Chávez
(1954-2013) e de seu sucessor Nicolás Maduro. Parcerias que nem sempre
foram bem-sucedidas, como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O
negócio era para ser uma sociedade entre a Petrobras e a venezuelana
PDVSA, que até hoje não colocou dinheiro no projeto.
VIÉS
Casos como esse levaram críticos da oposição a apontar o viés ideológico
do favorecimento à Venezuela. Lula e Chávez foram expoentes da guinada à
esquerda na América Latina nos anos 2000.A Venezuela inclusive foi
integrada ao Mercosul justamente quando o país que se opunha à sua
entrada, o Paraguai, estava suspenso do bloco aduaneiro.
Em 2012, as exportações brasileiras para a Venezuela foram de US$ 5
bilhões. Este ano, apesar das vendas totais à Venezuela terem caído 17%,
os cinco principais produtos exportados pelo Brasil cresceram quase
30%. São produtos essenciais em tempos de crise de abastecimento: carne
bovina, bois vivos, carne de frango, açúcar e medicamentos. Produtos
como preparação para elaboração de bebidas também deram um salto de 93%.
Uma crise com os fornecedores brasileiros não interessa aos
venezuelanos, já que o Brasil é o quarto principal fornecedor, atrás de
EUA, China e Reino Unido. No ano passado, o país forneceu quase 10% de
tudo o que a Venezuela comprou.
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