FATOS
- Notícias da Época (de 31.10.1958): "PROTESTOS EM SÃO PAULO CONTRA
AUMENTO DAS TARIFAS DE COLETIVOS DEGENERA EM SANGRENTOS CONFLITOS"
"MANIFESTAÇÃO POPULAR CONTRA AUMENTO
DA C.M.T.C. TERMINA COM 4 MORTOS E DEZENAS DE FERIDOS"
"Na manhã de ontem comportamentos violentos expressavam o forte desagrado da população paulistana com o aumento do preço das passagens de ônibus e bondes da capital (já prenunciando um dia bastante tumultuado e funesto).
Em vários pontos da cidade de São Paulo se podiam ver escaramuças e indivíduos incitando o povo a depredar esses veículos.
Uma das principais causas da revolta foi a falta de divulgação da majoração, autorizada na noite de anteontem pelo prefeito Adhemar de Barros. Por isso os usuários foram pegos de surprêsa no momento de tomarem a condução para mais um dia de trabalho.
Com o aumento, o preço do ônibus passou de Cr$ 3,50 para Cr$ 5,00 e do bonde de Cr$ 2,50 para Cr$ 3,00.
Por volta das 10 horas começaram os atos de protesto com a paralisação forçada desses veículos (muitos ônibus tiveram os pneus cortados à faca) por alunos do Liceu Pasteur e Mackenzie.
Com o passar do dia a tensão foi crescendo e, por ordem do governador do
estado Jânio Quadros, ainda mais soldados, guardas civis e milicianos
da Fôrça Pública foram enviados para locais de maior afluxo de
pessoas.
FATOS - Notícias da Época (de 31.10.1958): "MORTOS E FERIDOS EM PROTESTO"
Entre 18,00 e 20,00 horas (horário de pico da volta dos trabalhadores para casa) verificaram-se os primeiros choques mais violentos entre policiais, populares, estudantes e agitadores infiltrados.
As depredações e incêndios de ônibus e bondes ocorreram nos pontos de maior movimento da cidade: Praça Clóvis Bevilacqua, Praça da Sé, Praça Ramos de Azevedo, Largo São Francisco, Anhangabaú e Praça dos Correios.
(cavalariano investindo contra os manifestantes, até nas calçadas)
Na Praça Clóvis multidão tentava obrigar os coletivos parados (por ordem da C.M.T.C.) a voltar a circular. Os milicianos montados interviram jogando seus cavalos nos manifestantes e agredindo com golpes de sabre.
(populares quebrando vidros de um bonde)
Em determinado momento os soldados ficaram acuados pelo povo e um cavalariano foi atacado, desmontado e quase morto a socos, pontapés e pauladas. Imediatamente (era pouco antes das 19 horas) o Pelotão de Choque da Força Pública chegou e, num ato insano para dispersar a multidão enfurecida, começou a atirar para cima e em seguida para todas as direções.
(ônibus incendiado na Av. 9 de Julho)
Essa violenta repressão resultou na morte de 4 pessoas e ferimentos em mais de 40.
O prefeito não foi localizado durante todo o dia. Corre notícia de que tenha se deslocado logo de manhã para o Rio de Janeiro."
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