O PANORAMA VISTO DA SERRA

sábado, 20 de abril de 2013

O ALTO CUSTO DA IRRESPONSABILIDADE

Pra quem ficou quase 20 anos dormindo sobre os louros do Plano Real, ainda está sendo pouco e pode piorar mais!

 Do Blog Lorotas Politicas Verdades Efemeras,

O ALTO CUSTO DA IRRESPONSABILIDADE

Sandro Schmitz O alto custo da irresponsabilidade
Sandro Schmitz
 
Há quase um ano afirmei em meu primeiro artigo para o Instituto Millenium que os programas de Bolsa Família atuariam como agentes inflacionários, pois estão sendo utilizados como forma de comprovar uma renda inexistente, visto que é um processo de transferência de renda, e assim expandindo de maneira irresponsável e descontrolado o mercado de crédito.

Na sequência, em diversas outras ocasiões, tanto eu, quanto o Rodrigo Constantino, batemos na tecla que a política macroeconômica do governo só teria como resultado o desaquecimento da economia e o retorno do processo inflacionário. Os números não nos deixam mentir. Estávamos corretos, fato comprovado pelos órgãos do próprio governo. Vejamos os fatos então.

Pois bem, como previsto a inflação vem aumentando há tempos, apenas não vinha atingindo patamares alarmantes, até que, em janeiro deste ano atingiu o nível de 0,86% pelo IPCA, índice oficial do governo que é medido pelo IBGE.

Portanto, acima de qualquer suspeita. Já neste mês ameaçou seriamente o regime de metas de inflação adotado por nosso país há anos, mas a equipe econômica optou por tomar medidas sabidamente ineficazes contra o fenômeno.

Finalmente, em março a inflação rompeu o teto da meta estabelecida, visto que atingiu o patamar de 6.59% em 12 meses, contra a meta estabelecida de 6.5%. Ficou evidente que o governo perdeu o controle. E não foi por falta de avisos. No entanto, era mais importante incensar os líderes governamentais antes que fazer seu trabalho. Aí está o resultado.

Qualquer conhecedor mínimo da ciência econômica sabe: nada empobrece mais a população que a inflação. O processo inflacionário atinge sempre com mais vigor as camadas mais pobres. O discurso barato e retórico de transferência de renda é apenas eleitoreiro, visto que, ao permitir inflação simplesmente parte dessa renda é destruída.

Usando os números do IPCA de março isso fica bem claro: a inflação medida foi de 6.59% em 12 meses, sendo que nesse mesmo período a cesta básica inflacionou em 13.48% pelo mesmo índice. Já os serviços em 9.54%. Individualmente, no orçamento doméstico isso significa que os alimentos sozinhos correspondem a 7.22% na conta da dona de casa.

Para ficar mais claro, alimentos e domésticas representaram 73% da composição da alta do IPCA de março. Pode piorar: o índice de disseminação foi de 69%, ou seja, isso significa que sete de cada dez produtos tiveram aumento de preços.

Nada empobrece mais a população que a inflação. O processo inflacionário atinge sempre com mais vigor as camadas mais pobres
 
É bom lembrar que transferência de renda não é geração de renda como vem sendo falsamente afirmado pelo governo, e algumas lojas vêm concedendo crédito aos beneficiários desses programas, fechando os olhos para as mais basilares regras de gestão de risco.
O Banco Central (Bacen) publicou no dia 15 de abril de 2013 o índice de inadimplência por regiões do país, e não por acaso, as regiões com o maior número de beneficiários desses programas são justamente os com o maior número de inadimplentes.

De acordo com os dados do Bacen, a inadimplência alcançou, em janeiro de 2013, patamares de 4.43% na região Norte, e, 4.25% na região Nordeste.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), novamente do próprio governo, a região Norte responde por 11,4% dos recursos destinados ao Programa Bolsa Família, e a região Nordeste por 50,2% desses recursos no período de abril de 2013.
Contudo, é impossível culpar as pessoas.

Diversas pesquisas comprovam que pessoas que têm menor renda destinam em torno de 30% de sua renda para satisfazer suas necessidades básicas, assim sendo, é óbvio que em caso de processo inflacionário por irresponsabilidade governamental, irão sacrificar o crédito recebido para aquisição de bens duráveis.

Em sua desabalada busca de votos o partido do governo não tem se importado a quem sacrifique, e em função disso, é irrelevante o fato de a inflação retornar ou não. A suposta cruzada irresponsável contra os juros, sem construir poupança interna via investimentos fez com que nosso país tivesse a pretensão de fortalecer a economia via consumo de forma completamente sem senso, seguindo todos os postulados keynesianos possíveis, remetendo a frase histórica de Keynes : “No longo prazo todos iremos estar mortos”.

Que nossos filhos paguem suas irresponsabilidades, mas eles irão ter o que recuperar? Novamente, o governo coloca o Norte/Nordeste na mira do país com a possível culpa de algo que não irão ter, já que políticos odeiam assumir suas próprias responsabilidades. Repito novamente, ninguém paga mais caro o alto custo de um processo inflacionário que as camadas mais pobres da população.

Nenhuma suposta conquista tão alardeada e bravateada pelo governo nos últimos anos terá sido útil após perderem o controle do ciclo inflacionário, até porque essas conquistas serão desmanchadas pela perda de poder de compra da moeda frente à inflação.

Esse será o alto custo da irresponsabilidade da inércia do governo que, enquanto a economia seguia seu percurso, preferia ficar jogando confete em seus feitos. Acabou a festa. Mas não acredito que façam o que deve ser feito. Afinal, ano que vem tem eleições.

19 de abril de 2013
Sandro Schmitz

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